Hoje marginalizado, estilo musical brasileiro é um dos gêneros mais apreciados em todo o mundo
O Choro, também chamado de chorinho, é um gênero de música instrumental brasileira, muito popular, que surgiu no Rio de Janeiro por volta do Século XIX. Estima-se que os primeiros grupos de Choro surgiram na década de 1870, nos botecos dos subúrbios cariocas.
Pixinguinha, por exemplo, (Rio de Janeiro, 23 de abril de 1897 — Rio de Janeiro, 17 de fevereiro de 1973) foi um grande músico, compositor e um grande mestre do Chorinho. Aliás, o dia do seu nascimento tornou-se, merecidamente, o Dia Nacional do Choro. É uma pena que àquela época não havia neste país o conhecimento técnico necessário para se realizar gravações com a qualidade que artistas como Pixinguinha certamente mereciam e, por esta razão, o registro sonoro que se tem deste grande artista é, em minha opinião, demasiadamente ruim.
Outra coisa que lamento é que um gênero tão gostoso de ouvir como é o Chorinho, quase não se ouve nas rádios brasileiras e quase nunca se vê um grupo em um programa de televisão. É mais fácil isto acontecer em outro país do que por aqui. Fora do Brasil, o Chorinho é um dos gêneros mais apreciados em todo o mundo. Sem exagero. Sem falar que existem grupos formados por estrangeiros tocando chorinho em vários países do mundo, como por exemplo, Israel, Japão e Estados Unidos.
A maioria das crianças brasileiras não conhece os instrumentos que são tocados em um grupo de Choro. São eles: Bandolim, Cavaquinho, Violão de 6 cordas, Violão de 7 cordas, Sax, Flauta, Clarineta, Trombone e Pandeiro. Assim como, também não sabem as diferentes formas de se tocar cada um deles nos diferentes gêneros nos quais são utilizados. Se as crianças pudessem ver e ouvir em programas na televisão, a apresentação de grupos de musica instrumental, o interesse seria estimulado e, a possibilidade de surgir grandes talentos seria potencializada ao extremo. Foi o que aconteceu com os instrumentos tocados pelos Beatles, que, com a massificação da imagem e das músicas da banda, tiveram um gigantesco aumento de vendas no mundo inteiro, o que favoreceu a continuidade e o surgimento de músicos geniais na guitarra, no baixo e na bateria.
No mundo todo existe muita gente boa tocando nas ruas. Todavia, é uma missão quixotesca, sair por aí à procura de um lugar pra tocar, ser ouvido e vender seu trabalho musical. Ganhar a vida como músico não é nada fácil. Principalmente com música instrumental que, no Brasil, não tem a divulgação que merece e deveria ter.
Na maioria dos lugares públicos, é proibido música ao vivo, mas, apesar disso, tudo acontece nos lugares públicos. O mascate de bugigangas vende, o evangélico discursa, o ladrão assalta, o poeta recita e, os músicos, amadores e profissionais, tocam. Ao menor sinal da repressão todos fogem e, após um tempinho, retomam as atividades como se nada tivesse acontecido. O rio da vida segue, como sempre, rumo ao mar da eternidade. No que diz respeito à música, muitas vezes se ouve coisas boas, como por exemplo, o Chorinho.
É o caso do grupo Choro Marginal que apesar de ser agora um grupo profissional com três álbuns já lançados no mercado independente e estar com sua música à venda em Streaming e por downloads em todas as lojas online que existem no mundo virtual, ainda comete a contravenção de tocar nas ruas e estações do Metrô de São Paulo como fizera no inicio de sua peculiar história.
Quanto mais o músico tocar, mais aprimorará seu desempenho. E esta regra vale pra qualquer músico que se preze, amador ou profissional. O espaço público é, na verdade, uma boa vitrine para um artista ser apreciado por quem gosta de arte e, por algum motivo, não pode apreciá-la no espaço privado. O que posso ressaltar no que diz respeito ao Choro Marginal é que, o gênero musical e o repertório que apresentam são de incontestável qualidade.
Quem quiser sair da caixinha onde só está o que outros querem que esteja, que você veja ou que você escute, é melhor abrir a mente e os ouvidos pois há um número imenso de bons artistas, boas músicas e bons músicos para serem descobertos e apreciados, além dos que já existiram e estão no passado e estão fora deste pacote limitado de artistas que a grande mídia nos oferece maliciosamente interessada em manipular o conhecimento, o gosto popular e o mercado.
Tenho a impressão de que nunca vi tantos artistas medíocres e nunca ouvi tantas músicas ruins ao mesmo tempo. Pelo menos já aprendi que, toda informação adquirida e compreendida neste mar de conhecimentos ocultos, é a única possibilidade de existir fora da caixinha. O melhor sempre está onde menos esperamos.