Alexandre Callari, cinéfilo compulsivo, assiste praticamente a um filme por dia e, de vez em quando, resolve compartilhar a experiência na seção Assistidos e Reassistidos.
Fragmentado
Split
Ano: 2016
Diretor: M. Night Shyamalan
Com: James McAvoy, Anya Taylor-Joy
Classificação:
Não, “A Visita” não foi um golpe de sorte. E, sim, Shyamalan realmente está de volta. Este “Fragmentado” pode não ser tão bom quanto os primeiros filmes do diretor (que fizeram história), mas é infinitamente melhor do que tudo que ele vinha fazendo desde “A Dama da Água”. Mas o filme não é bom em comparação com filmes ruins; ele realmente é bom.
James McAvoy está apavorando. Ele dissocia todas as várias personalidades contidas no corpo do atormentado Kevin e mais. Há um momento em que uma personalidade finge ser a outra, e o espectador (assim como a psicóloga com quem ele interaje) percebe o engodo por meio da sua atuação. As expressões, entonação, trejeitos… tudo é incrível.
O final tem um tom fantástico, mas que se explica dentro da proposta do filme e é justificado ainda mais pelos últimos dez segundos, simplesmente empolgantes, que contextualizam tudo ainda mais. Anya é boa atriz, já havia surpreendido em “A Bruxa e Morgan” (embora este último seja ruim), e aqui faz um trabalho competente. É um filme de baixo orçamento, com bastante suspense, que não se rende a sustos fáceis, mas procura envolver o espectador num clima paranoico e de tensão.
A câmera de Shyamalan está afiadíssima. Há um momento em que ela começa a mover-se pelo cômodo, filmando todas as personagens em segundo plano, desfocadas, mostrando o ambiente claustrofóbico onde estão, e deixando-as com as cabeças cortadas (quase uma insinuação do que poderá acontecer), até firmar-se no rosto de Casey, a personagem de Anya e única que tenta manter-se calma e está disposta a raciocinar a situação.
Há também uma subtrama de abusos que, no final, converge de forma bem bacana. Eu adorei e recomendo.