Alexandre Callari, cinéfilo compulsivo, assiste praticamente a um filme por dia e, de vez em quando, resolve compartilhar a experiência na seção Assistidos e Reassistidos.
John Wick: Um Novo Dia Para Matar
John Wick: Chapter 2
Ano: 2017
Diretor: Chad Stahelski
Com: Keanu Reeves, Riccardo Scamarcio, Ian McShane
Classificação:
Este novo episódio de “John Wick” segue à risca todos os conceitos das franquias de Hollywood: tudo é maior, mais violento, mais acelerado, mais anabolizado, mais, mais e mais. Contudo, em outros filmes, isso em geral significa uma queda na qualidade; aqui, o diretor Stahelski acentuou o que já era bom e criou um longa ainda superior ao original.
Stahelski é um caso à parte em Hollywood. Um ex-dublê, ele conhece Reeves desde a época do primeiro “Matrix” e, ao criar “John Wick”, foi na contramão de todos os diretores do momento que fazem filmes de ação e retomou a grandiosidade dos longas dos anos 1980. Nada de câmera tremida, nada de cortes vertigionosos que disfarçam a inabilidade dos atores de executarem as cenas, nada de cabos apagados por computador depois – aqui a maior parte é feita no analógico. Vemos tomadas longas e completas, com Keanu lutando, pilotando e atirando. Aqui a coreografia se sobressai à edição. E está claro para mim que o diretor, após o sucesso do primeiro (em que se conteve um pouco mais), pôde enfim fazer de fato o que queria. O resultado é incrível. Ao lado de Keanu, a dupla é de longe a mais explosiva do cinema de ação da atualidade.
Em suma, “Jonh Wick 2” é um filmaço. A mitologia criada para a rede de assassinos mundial me atraiu bastante no primeiro volume e, aqui, é ampliada. A ideia das moedas de ouro, do Hotel Continental, das regras que os assassinos são obrigados a seguir, os juramentos de sangue… Há uma incrível mistura do mundo tecnológico com um senso retrô (veja, por exemplo, o momento em que a cabeça de John é posta a prêmio, sendo a ordem recebida por telefonistas que parecem estar no século passado). É tudo delicioso de assistir.
E Keanu está picando!!! Se lembram daquelas lendas mentirosas de que Tom Cruise fazia todas as suas cenas de ação na série “Missão Impossível”, desmentidas depois por vários dublês? Pois Keanu é pra valer – e não é de agora que ele executa cenas de lutas e perseguições com maestria. Seu personagem é incrível; compreendemos sua complexidade não tanto pelos diálogos, mas mais por suas ações. Não dá pra não curti-lo. Dito isso, o filme deixa o maior gancho para uma continuação de todas as franquias lançadas nesta segunda década do século 21.
Simplesmente excelente!