Assistidos e Reassistidos: O Comboio do Medo

Alexandre Callari, cinéfilo compulsivo, assiste praticamente a um filme por dia e, de vez em quando, resolve compartilhar a experiência na seção Assistidos e Reassistidos.

Caraca, que filmaço! Friedkin é realmente um diretor excepcional, com uma filmografia acima da média. O Exorcista, Operação França, Viver e Morrer em Los Angeles, Parceiros da Noite… A primeira fase da carreira do homem é de fechar o comércio. Somo este O Comboio do Medo aos citados acima.

Na trama, quatro homens precisam dirigir dois caminhões apinhados de nitroglicerina instável por 300 quilômetros ao longo da selva colombiana. Atuações impecáveis complementam uma direção segura e inspirada. A tensão está presente desde o primeiro frame; não há redenção neste filme, não há salvaguarda, apenas a brutalidade da natureza contra quatro homens. Mas ainda há mais; várias questões emocionais e psicológicas estão em pauta, em especial o que levou os quatro sujeitos àquela situação e de que maneira estão tentando lidar com ela.

O filme toca aspectos complexos – em especial a ambição do ser humano – mas também mostra o companheirismo que pode nascer em situações adversas. Além de tudo, é uma aula de cinema para os diretores atuais que são incapazes de fazer uma cena de ação ou uma explosão sem CGI. Veja só o que Friedkin fez 40 anos atrás! Só as cenas dos caminhões cruzando a ponte já valem o programa. Recomendadíssimo.