Alexandre Callari, cinéfilo compulsivo, assiste praticamente a um filme por dia e, de vez em quando, resolve compartilhar a experiência na seção Assistidos e Reassistidos.
Savaged
Avenged
Ano: 2013
Diretor: Michael S. Ojeda
Com: Amanda Adrienne Smith, Marc Anthony Samuel
Classificação:
E não é que curti este filme? Gosto muito quando um filme é honesto com o espectador. Nos anos 1970 e 1980, os longas de terror não tentavam ser nada diferentes do que eram. Claro que existia alguns com “algo a mais”, como críticas sociais, contextos políticos e outras camadas a serem descascadas, mas nunca me importei de assistir a um filme cujo objetivo fosse apenas ser eficiente dentro do gênero proposto, afinal, nem tudo quer ser uma obra-prima. Nos anos 1990 e 2000, com a burocratização do cinema e o advento do politicamente correto, esse tipo de exemplar foi ficando cada vez mais raro no cinema norte-americano, mas, de vez em quando, você topa com uma película como esse “Savaged”.
A história é simples: uma garota surda decide cruzar o país de carro para encontrar o namorado. Quando está chegando ao Novo México, testemunha alguns arruaceiros matando dois índios. Ela tenta ajudar um deles, mas acaba se tornando também uma vítima. É violentada e brutalizada por dias, esfaqueada e enterrada. O lance é que ela ainda não estava morta e seu corpo acaba sendo encontrado por um xamã, que performa um ritual para salvá-la. Só que, inadvertidamente, ao trazê-la de volta do outro lado, acaba vindo junto o espírito de um índio guerreiro assassinado por brancos, que possui o corpo da jovem e inicia uma vingança implacável.
Há furos no roteiro (e não são poucos), as limitações orçamentárias são visíveis, pelo menos duas cenas são bobas e acabam incomodando (as em que o espírito guerreiro aparece) e alguns personagens tomam atitudes questionáveis. Mas eu relevei isso tudo porque a) O filme não busca verossimilhança, então é besteria preocupar-se com isso; b) As atuações de todo mundo são boas e convincentes. Isso ajuda a firmar a ambientação e a fazer com que o espectador a compre; c) A maquiagem é ótima e a garota possuída realmente assusta. Na fronteira entre a vida e a morte, seu corpo começa a deteriorar como o de um zumbi, criando algumas sequências impressionantes; d) O filme não faz concessões. Há decapitações, corações arrancados, gente morta a flechadas, lutas brutais de facas… tudo muito bem feito. Ou seja, como disse no início, o filme não tenta enganar e mostra a que veio.
Funciona como filme de vingança, funciona como filme de possessão e funciona como filme de caipiras malucos que sodomizam garotas inocentes. Recomendo aos fãs de terror.