Alexandre Callari, cinéfilo compulsivo, assiste praticamente a um filme por dia e, de vez em quando, resolve compartilhar a experiência na seção Assistidos e Reassistidos.
Um Estado de Liberdade
Free State of Jones
Ano: 2016
Diretor: Gary Ross
Com: Matthew McConaughey, Gugu Mbatha-Raw
Classificação:
Um grande filme do diretor do primeiro “Jogos Vorazes”, que começa como uma narrativa da Guerra Civil dos EUA, mostra como o condado de Jones fez uma resistência singular pelos próprios motivos durante a guerra inteira e conclui mostrando a dificuldade que os afroamericanos sofreram logo após a emancipação, incluindo o surgimento da Klan.
Há passagens históricas que eu desconhecia, como a Lei do Aprendiz que o estado do Mississipi promulgou – nada mais do que um recurso para levar os escravos de volta aos campos de algodão, e que motivou o Governo Federal a declarar Lei Marcial na região. É um filme bastante sério e contundente, que infelizmente passou batido. McCounaughey tem uma atuação intensa, mas não surpreendente, embora consiga emocionar em alguns momentos.
O roteiro é sagaz e intercala a história com algumas poucas cenas ambientadas 85 anos depois, no julgamento de um descendente do protagonista, culpado de infringir leis segragacionistas que ainda estariam em vigor na época. É um filme denúncia que não apela para o sentimentalismo barato, mas execra pelo bom-senso todos os imbecis que acham que a cor da pele ou qualquer outra característica superficial faça diferença ao determinar o que é um homem.
A certa altura do filme, quando promulga Jones um Estado Livre e lê sua constituição, McConaughey resume tudo de forma bem simples: “Todo homem é um homem. Se você caminha sobre duas pernas, você é um homem”. Não poderia estar mais certo.