Multi-instrumentista holandês Arjen Lucassen fala sobre o novo álbum do Ayreon, seus outros projetos e o aguardado “Ayreon Universe”
Após vivenciar a rotina de banda, com Bodine e Vengeance, o multi-instrumentista holandês Arjen Anthony Lucassen passou a criar rock operas e deu à luz ao Ayreon, projeto majoritariamente progressivo e com múltiplos cantores que, desde meados dos anos 1990, acabou por redefinir um estilo. Passados 22 anos de “The Final Experiment”, chega ao mercado “The Source”, obra que eleva a temática “Forever” a um novo patamar e, como era de se esperar, recheado com muitas das vozes mais brilhantes em atividade. Nesta entrevista, o sempre simpático e cordial Arjen contou ao ROCKARAMA alguns detalhes sobre o atual trabalho, assim como os projetos Star One, Guilt Machine e The Gentle Storm, além de revelar detalhes para um acontecimento singular para os seus fãs: os três shows do “Ayreon Universe”, que ocorrerão em setembro, em Tilburg (HOL).
Durante anos no Ayreon, você desenvolveu a temática “Forever”, sempre fazendo referências de um álbum para o outro, mas sem um planejamento traçado. O quanto interessante para você é escrever essa história sem compromisso, deixando que a música em si sirva como inspiração, como ocorre agora com “The Source”?
Arjen Anthony Lucassen: Isso torna as coisas mais fáceis para mim. Seria muito difícil começar com a história e, então, trabalhar a música. Acredito que sequer conseguiria fazer isso. Hoje pela manhã recebi um e-mail de um cara perguntando se eu poderia fazer música para um filme. Não, eu não consigo! (risos) Faço a história depois da música, não o inverso. Acho isso muito limitante. Se você vai fazer a música para um filme já estará engessado, e eu não me limito musicalmente. Para mim, essa é a logística. Ouço a música e “vejo” imagens, e quando começo a escrever a história ela se desenvolve sozinha. Se eu planejo as coisas, elas dão errado (risos). As pessoas costumam dizer que sou um gênio por ter desenvolvido todo o universo do Ayreon. Não é nada disso. Acho genial quando alguém faz um álbum com 15 músicas e cada uma com um tópico diferente – eu não consigo fazer isso (risos). Para mim, é apenas um tópico… Quando começo a escrever um novo Ayreon sempre fico curioso sobre o que acontecerá na próxima música. É como se eu contasse a história para mim mesmo.
É justamente isso que o torna genial! Quando começa a compor um novo álbum, que tipo de experiências pessoais do seu dia-a-dia definem se será um trabalho mais pesado, mais progressivo ou com mais partes de músicas folk?
Arjen: Depende de muitas coisas, até mesmo um simples telefonema pode influenciar. No The Gentle Storm, por exemplo, eu estava trabalhando em outra coisa e recebi um telefonema da Anneke [van Giersbergen, ex-The Gathering] me dizendo para fazermos algo juntos. De repente, tudo mudou, e a Anneke estava lá. E isso já tinha acontecido antes, porque estou aberto para mudanças o tempo todo. E outras coisas também podem influenciar, como ouvir uma música e achar legal, ou assistir a um filme e ficar inspirado… Até mesmo perguntas em uma entrevista. Por exemplo, se me perguntam que se eu fosse fazer música sobre um filme, qual seria. Daí respondo e penso: “é mesmo, esse seria legal!” (risos) Planos sempre mudam, aprendi isso. No passado eu não fazia dessa forma, pois eu meio que estabelecia o que queria e acabava me limitando. Não era bom, pois atrapalhava o desenvolvimento das coisas.
Coisas maiores na sua vida acabam por influenciar como, por exemplo, quando fez “01011001” (2008), época que passou por severos problemas de saúde por causa da anosmia [N.R.: doença que causa a perda total do olfato e consequentemente o paladar] e da depressão. Como está a sua saúde hoje, após quase dez anos?
Arjen: Essa é uma doença crônica, não tem recuperação. Você perde, os nervos são destruídos e não regeneram. Mas se adaptam. Hoje em dia aprecio comida de outra forma, coloco pequenas nozes em tudo. Compro amêndoas e as adiciono em outras coisas, isso faz com que sejam mais interessantes. Levou um sete ou oito anos até que eu me acostumasse, mas agora tenho outras abordagens, como texturas que me parecem divertidas de comer, com outra consistência. E o bom é que agora tenho uma alimentação muito mais saudável. Pra que comer algo gorduroso ou não saudável se não sinto o gosto? Então, isso ajuda para que minha saúde esteja melhor. Também corro todos os dias. A única coisa é que quando você envelhece, e agora estou perto dos 60 [N.R.: 57 anos], o problema começa a ficar nos ossos. Começa uma dor aqui e ali. Mas, no geral, a minha saúde está ótima!
Me lembro quando conversamos após o “01011001”, creio que na época do lançamento do Guilt Machine, e você havia dito que aquele álbum tinha camadas de voz em excesso. Então, veio “Victims of the Modern Age” (2010), do Star One, como uma reação a isso. Agora, o peso de “The Source” me soa como uma reação ao lado bem progressivo de “Theory of Everything” (2013), assim como o lado feminino de “The Diary”, lançado em 2015 pelo The Gentle Storm. O quanto, para você, um novo trabalho reage ao anterior?
Arjen: Especialmente o The Gentle Storm, que foi algo tão diferente para mim… Eu nunca tinha feito algo assim, letras sobre pessoas que se amam, que acabaram de ter um bebezinho! (risos) Fico muito feliz que tenha feito, foi um desafio, mas já naquela época eu estava sentindo falta de uma ficção científica brutal, com a destruição do planeta! (risos) E também foi um álbum inteiramente com voz feminina, o que é fabuloso, mas eu estava ansioso por novas linhas mais fortes, com diferentes vozes. Acho que essa é a forma que tudo se torna interessante para mim e para os fãs. Eu não conseguiria fazer a mesma coisa duas vezes, ser como o AC/DC ou algo assim. Seria tedioso para mim. Essa também e a razão pela qual faço projetos diferentes entre os lançamentos do Ayreon, para deixar tudo mais interessante, explorar coisas diferentes. É a forma como me mantenho criativo.
Assim como seus trabalhos passados, “The Source” tem personagens que são, de certa forma, conectados com a personalidade do cantor ou cantora. Bons exemplos nesse novo são Tobias Sammet – um típico “macho-alfa” – como “The Captain”, James LaBrie como “The Historian” e Hansi Kürsch como “The Astronomer”. Como você define quem interpretará cada papel?
Arjen: Sim, o Tobias, com certeza! (risos) Seria mais lógico ter um cantor que se encaixasse no personagem, mas isso seria limitador. Para mim os cantores são mais importantes que os personagens, e uma vez que os seleciono… Eu os conheço, você sabe. Até mesmo os que nunca me encontrei pessoalmente conheço bem. Zaher [N.R.: Zorgati, do Myrath] é um cara oriental, muito religioso, então seria legal tê-lo como “The Preacher”. O mesmo com Michael Eriksen [N.R.: do Circus Maximus], que nunca encontrei, mas ele está sempre sorrindo e vendo o lado bom da vida… Era perfeito para o papel “The Diplomat”. Assim como Simone [N.R.: Simons, do Epica], que tem uma voz calorosa e seria perfeita como “The Counselor”; ela sempre me aconselha! (risos) O Labrie, claro, com sua voz mais grave introduzindo as histórias… Trabalho dessa forma desde que fiz o “Into the Electric Castle” (1998). Eu até perguntava para os cantores que papel queriam ter. Lembro para o “The Barbarian”, eu tinha um gângster em mente, mas quando perguntei o Jay van Feggelen disse que queria ser um bárbaro! (risos) Antes eu perguntava; dessa vez não fiz isso, mas também foi legal.
Dessa vez você não pôde ter todos os vocalistas gravando fisicamente junto com você, no seu estúdio. Acredito que foi uma experiência diferente.
Arjen: Claro que não gostei. Queria tê-los comigo, no meu estúdio. O Michael Eriksen veio e a mágica foi tão legal, pois sempre novas ideias iam surgindo. Isso não acontece quando você envia arquivos, mas dessa vez esses cantores incríveis estavam muito ocupados. James estava em turnê com o Dream Theater; Russell Allen estava com o Trans-Siberian Orchestra e assim por diante. Eles não podiam vir. Normalmente eu não gostaria disso se eu não conhecesse os cantores, mas não era o caso, pois sei o que podem fazer e confio neles completamente. O lado positivo de poderem fazer no próprio estúdio foi que tiveram bastante tempo para trabalhar. Algumas partes foram muito desafiadoras, como as de Tommy Karevik [N.R.: do Kamelot e Seventh Wonder], que são altas e fortes. Se ele viesse ao meu estúdio, talvez não estivesse em um bom dia. No local dele pôde trabalhar por semanas, encontrando o melhor dia que estivesse disponível. Esse foi o lado positivo desse formato.
E o resultado foi fantástico!
Arjen: Sim, claro! Esses cantores são todos maravilhosos. E foram poucas as partes em que pedi que mudassem um pouco o que havia sido enviado. Mas, basicamente, cada um adicionou seu estilo próprio e isso é muito importante para mim. Como o Tommy Rogers [N.R.: do Between the Buried and Me], por exemplo, que adicionou tantas coisas a mais… Fez o seu melhor, um grande cara.
Penso que no “The Source” você foi mais profundo na temática “Forever”, com paralelos, metáforas, na vida do ser humano, balanceando a tecnologia da parte “The Frame” com uma certa espiritualidade na “The Source”. Claro que não estamos no apocalipse, pelo menos não ainda, e não vivemos na “liquid eternity” – ainda, novamente, mas como vê esse conflito entre tecnologia e espiritualidade no ser humano de hoje?
Arjen: Bem, eu cresci numa época antes dos computadores e vi a mudança, que foi tão rápida, exponencial. Tudo muda tão rápido. Outro dia eu estava correndo e passaram por mim umas garotas andando de bicicleta. Elas sequer me viram, pois olhavam para o telefone enquanto pedalavam. Isso é estranho para mim, pois você está vivendo o agora, mas prefere olhar no telefone para algo interessante que acontece em outro lugar. Por outro, lado não quero julgá-las, pois pude estar no mesmo lugar que elas no passado. Quando eu era jovem e ficava sentado na frente da TV assistindo “Star Trek” meus pais diziam que na época deles o rádio e era mais legal; para mim, imaginar aquilo era tão tedioso (risos). Talvez essa seja a comparação. Mas devemos ter cuidado com o que desejamos, pois pode virar realidade: se tudo ficar fácil demais pode acabar com todo o divertimento.
Também cresci sem computadores e fico me perguntando como deve ser para uma criança hoje em dia, que já tem tudo isso como algo natural.
Arjen: Exato! Mas talvez eles sejam tão felizes como nós fomos, não consigo definir isso ou criticar. Eu não tenho filhos, então sequer consigo imaginar.
Eu cresci numa época antes dos computadores e vi a mudança, que foi tão rápida, exponencial” – Arjen Lucassen
Ainda sobre a tecnologia, você tem um relacionamento muito próximo aos fãs na internet. Sempre teve, mas depois do Facebook pôde estreitar os laços ainda mais. E hoje em dia a coisa ampliou ainda mais, com interações “adivinhe o vocalista” ou “lyric videos”, que vão do seu canal do YouTube direto para o Facebook. Deve ser muito trabalhoso cuidar dessas coisas enquanto cria e produz um novo álbum, mas creio que você goste muito.
Arjen: É demais, eu amo isso! Especialmente porque sou recluso, não faço mais turnês e tenho bastante tempo para isso. Não tenho família, filhos… De fato, não tenho uma vida pessoal (risos). Então, eu posso dispor do tempo que quiser nisso e acho muito legal estar em contato com os fãs. Esses jogos de adivinhação são tão divertidos… Fico esperando a hora de poder fazer isso: vou lá, gravo, separo uma parte que gosto e mal vejo o momento de poder tocar para as pessoas e ver se vão gostar, se vão adivinhar quem estar cantando. Algumas vozes, como do Hansi, as pessoas acertam em 3 segundos, mas cantores como Tommy Rogers ou Michael Eriksen podem ser mais desafiadores. E também esses lados mais visuais, como os lyric videos… Me envolvi muito com isso: os caras me mandavam e eu voltava com uma lista que gostaria de mudar! (risos) Isso foi possível dessa vez, nunca tinha feito antes os lyric videos. É legal ver a história ganhar vida com algo assim.
Continuando a respeito dessas ferramentas na internet, muitos artistas hoje em dia reclamam do retorno financeiro oriundo de serviços de streaming como Spotify ou Deezer, mas por outro lado o uso correto deles e do YouTube podem se tornar boas ferramentas de promoção e até mesmo fonte de renda. Como funciona isso para você?
Arjen: A minha sorte é que tenho seguidores muito leais, que querem a coisa real, a física. Quando começo um novo trabalho sempre mostro como as artes e embalagens serão bonitas, que serão lançados CD extra, DVDs com “behind the scenes”, essas coisas. Eles sabem, antes mesmo do lançamento do álbum, que terão um produto legal, e então vão querer algo assim. Acabo não sofrendo com esses problemas, pois construí outro formato nos últimos 15 anos. Entretanto, para novas bandas isso é terrível, pois esse lado de streaming é muito complicado. Você recebe 0,00029 centavos por stream, e mesmo com 1 milhão de plays o retorno é mínimo. Não é o suficiente, sério. Mas, por outro lado, coisas como o YouTube são excelentes ferramentas de promoção. É uma faca de dois gumes. E hoje em dia, por que não colocar um álbum no YouTube? As pessoas colocarão de qualquer forma! E quem quer o material físico irá comprar, estando online ou não. Então, estas são ferramentas que possibilitam que mais pessoas ouçam, se interessem e queiram o produto físico.
Sim, e o produto físico de “The Source” ficou fabuloso. Esta foi sua primeira experiência no Ayreon ao lado da Mascot Records?
Arjen: Sim. Trabalhei com eles na época do Guilt Machine, mas eram muito menores. Agora cresceram bastante.
Estão fazendo um trabalho e tanto.
Arjen: Fantástico! Um mundo novo se abriu para mim. São 40 pessoas trabalhando para mim e cada uma delas tem uma mesa. Um cara para redes sociais, um para promoção, outro para os vídeos… É fabuloso! E eles ainda vêm com ideias que me colocam para trabalhar. (risos) Algo como: “ei, cara, não acha que é hora para uma atualização? Pense em algo!” (risos) É brilhante, a forma como deveria ser. É um trabalho em conjunto, com uns inspirando os outros. Ao mesmo tempo que quero mostrar para eles que posso vender muitos álbuns, eles querem me mostrar que podem fazer um bom trabalho.
O projeto brasileiro Soulspell traduziu para o português e fez uma versão completa para “Theory of Everything”, e você ofereceu a eles total apoio durante todo o processo, o que foi muito legal. Qual foi a sua reação quando chegaram a você e disseram que queria traduzir um álbum do Ayreon?
Arjen: Eu achei que nunca conseguiriam fazer, pois exigiria muito trabalho e, mesmo que conseguissem, não seria legal o suficiente. Mas me mandaram a primeira versão, acho que foi da “Mirror of Dreams”, e eu pensei: “nossa, que língua linda!” E acredito que essa música, cantada pela Daísa Munhoz, que é fantástica, ficou muito mais legal que a versão em inglês! Ficou tão bonita, amo muito como soou. Infelizmente eu andei extremamente ocupado nos últimos meses na promoção e preparando os shows, então ainda não tive tempo de ouvir tudo. Mas o que pude ouvir até agora é maravilhoso. Eles fizeram um trabalho magnífico!
Me mandaram a primeira versão, acho que foi da ‘Mirror of Dreams’, e eu pensei: ‘nossa, que língua linda!'” – Arjen Lucassen
Como mencionou, está preparando a experiência maravilhosa para os fãs com três shows do Ayreon, que chamarão “Ayreon Universe” e ocorrerão em setembro, na cidade de Tilburg (HOL). Obviamente os ingressos já estão esgotados, mas o que os fãs podem esperar do evento?
Arjen: Será um ‘best of’ do Ayreon, não focaremos no “The Source”. Serão pelo menos duas músicas de cada álbum e também alguma coisa do Star One. A banda será composta por 16 cantores e 5 instrumentistas, além de, é claro, violoncelistas, flautistas e violinistas. Teremos uma grande tela de LED por trás do palco com belas imagens que estamos trabalhando nesse momento, feitas pelo cara que trabalhou conosco nos lyric videos. Também terão surpresas, é claro. Foram dois anos de trabalho e ainda estamos nisso. Logo começaremos a ensaiar e trabalhar no storyboard dos vídeos. É algo necessário, pois são coisas complicadas com todos os cantores e efeitos, mas será maravilhoso.
E é claro que tudo será devidamente gravado…
Arjen: Sim, claro. Filmaremos os dois primeiros shows e usaremos um time maravilhoso que já trabalhou com o Epica. E precisa ser bom, pois no The Theater Equation (2016) achei as câmeras muito ruins e isso foi devastador para mim. Fizemos um show tão legal, mas quando olhamos pela câmera parece uma porcaria! (risos) Dessa vez queremos o melhor e está tudo coberto. Então, as pessoas que não puderem vir, pelo menos poderão assistir o DVD.
Fico imaginando quantas propostas de shows você teve após anunciar essas datas do Ayreon, principalmente para festivais, que adoram apresentações de vários cantores, como ocorrido no “Wacken Open Air” com Avantasia, Trans-Siberian Orchestra e tantos outros. Existe essa possibilidade?
Arjen: Seria possível, mas numa versão bem mais simples. Cada show desse vai custar uma fortuna, não seria possível reproduzir em outros lugares. Teria que reduzir o número para seis ou sete cantores e diminuir drasticamente todos os efeitos. O único problema com isso é que não faço turnês, não toco ao vivo. E comigo não estando envolvido, como poderia ser interessante para os fãs? O “Ayreon Universe” será uma experiência singular, mas quem sabe… se for muito bem e as pessoas quiserem ver novamente num festival grande com uma versão reduzida. É uma opção.
Sim. Com toda a sua interação com os fãs você sabe bem o quanto os brasileiros gostam da sua música. Desde os primeiros lançamentos do Ayreon pela Hellion Records e, agora, com tamanha homenagem feita pelo Soulspell, você não consideraria fazer algo ao vivo no Brasil?
Arjen: Eu teria que estar presente e, realmente, não viajo. Sou muito recluso, raramente saio de casa. É o que é, não vai mudar. Não sei como seria um show do Avantasia sem Tobias Sammet, ou um Ayreon sem mim. Sinto muito mesmo por isso, queria que fosse diferente.
Eu, realmente, não viajo. Sou muito recluso, raramente saio de casa. É o que é, não vai mudar” – Arjen Lucassen
Agora está ocupado promovendo “The Source” e com o foco também voltado para as preparações do “Ayreon Universe”, mas, se bem o conheço, sua mente criativa continua funcionando. Algo novo acontece musicalmente na sua cabeça?
Arjen: Claro, estou muito ocupado nesse momento, mas algumas ideias já surgiram, mas, como sempre digo nesse estágio: não sei o que elas irão virar. Mesmo se eu planejar vou acabar mudando de ideia; mesmo se eu lhe disser algo agora, daqui a duas semanas será algo totalmente diferente (risos). Mas, sim, já abri a minha cabeça para novas ideias. Algumas vezes pego a guitarra e penso: “poderia ser isso”, mas no dia seguinte “poderia ser aquilo outro”. Mesmo assim, novas coisas estão surgindo, lentamente. Está sendo natural, pois as pessoas estão tão positivas comigo no momento e isso tem me inspirado muito!
Hoje é 4 de maio, o Star Wars Day, e coincidentemente pude conversar com você, um grande fã de ficção científica, que exerce grande influência na sua música. O que você tem assistido ou lido ultimamente?
Arjen: No momento estou no meio da série “Westworld”. Ela é bem complicada, fico sempre me perguntando quem é uma pessoa real. Estou achando fantástica e, agora, estou concentrado apenas nela.
Para finalizar, este ano Tobias Sammet estará no “Wacken” com o Avantasia e o Alice Cooper também faz parte do cast. Há anos você busca trazer o Coop para o Ayreon e chegamos até a tentar viabilizar isso por intermédio do assistente dele, Brian Nelson, que infelizmente faleceu algum tempo depois. Não seria interessante dar um pulo no festival para bater um papo?
Arjen: Tive a chance de encontrar Alice Cooper cinco vezes enquanto eu fazia turnês, mas tive medo! (risos) Não sei o que dizer. Tenho medo de chegar e soltar coisas como “sou seu maior fã, tenho todos os seus álbuns!” (risos) Temo que esteja de mau humor, e isso faria com que a minha fantasia de garoto se despedaçasse e eu poderia deixar de gostar da música dele. Então, não, não quero encontrar os meus heróis, a não ser que eu possa trabalhar com eles.
Mas você ainda está tentando ter uma participação de Alice Cooper no Ayreon?
Arjen: Não, desisti. Tentei por dez álbuns e em algum ponto desisti. Não quero incomodar as pessoas demais… Mas talvez eu volte a tentar! (risos).
Deveria, pois seria fantástico ter Alice cantado Ayreon. E existem outros cantores em tentativas?
Arjen: Sim, todos os meus heróis da infância, como Robert Plant, Ian Gillan, Geddy Lee, David Gilmore, Kate Bush e muitos outros. É uma lista que não acaba mais.