O guitarrista Scott Gorham está feliz com o momento da banda atual, mas abraça e tem orgulho de seu passado no Thin Lizzy

Black Star Riders | Foto: Robert John

No início, ninguém sabia quem éramos e tudo que queriam era falar sobre o Thin Lizzy” – Scott Gorham, foto: Robert John

Se formar uma banda nova não é fácil, imagine uma nascida das cinzas de uma consagrada. É o caso do Black Star Riders. Inicialmente uma formação do Thin Lizzy, liderada pelo guitarrista Scott Gorham, o grupo resolveu escolher outro nome para poder compor seu próprio material sem o peso da lenda irlandesa sobre seus ombros. Porém, o estilo foi mantido e se você gosta de Phil Lynott e companhia, tem obrigação de conhecer os álbuns do BSR: “All Hell Breaks Loose” (2013), “The Killer Instinct” (2015) e o mais recente, “Heavy Fire” (2017). Foi para falar do atual momento, mas também lembrar sua carreira no Thin Lizzy e o surgimento das guitarras dobradas, que se tornariam a marca registrada da finada banda irlandesa, que batemos um papo com o simpático Gorham.

Atualmente vocês promovem o terceiro álbum como Black Star Riders. Fale sobre a decisão de gravar com esta banda e não usar o nome Thin Lizzy. Foi uma difícil de tomar ou não era certo e ponto?
Scott Gorham: Não, para mim, não foi uma decisão difícil. Na verdade, eu estava tentado achar uma forma de não fazer um álbum sob o nome de Thin Lizzy. Todo álbum do Thin Lizzy era com Phil (Lynott, baixo e vocal) sentado ali na minha frente, escrevendo todas as letras. Ele era um grande amigo meu. E agora, de repente, fazer um álbum sob esse nome sem meu amigo Phil? O problema é que tínhamos uma nova equipe de management e eu estava evitando toda essa questão do novo álbum fazia alguns bons anos. Mas assim que eles assumiram, precisavam de algo para tornar possível a continuação da turnê. Continuar a tocar pelo mundo sem material novo parecia contraproducente. Então, eles estavam insistindo muito para ter um álbum novo lançado. Comecei a não saber o que fazer. Se eu falasse não, eles iam embora, e se dissesse sim, eu ia afastar 50% dos fãs da banda. Logo, fiquei preso em um dilema. No fim das contas, chegou uma hora que resolvi não fazer. Chamei Ricky (Warwick, vocal) e Damon (Johnson, guitarra) de lado e disse: “Olha, é assim que estou me sentindo.” E, para ser honesto, eles ficaram bem aliviados porque agora eles não precisavam mais estar à altura dos padrões que as outras pessoas têm do Thin Lizzy. Foi um grande alívio. Obviamente, o management meio que resistiu à ideia, mas, no fim, foram eles que disseram que teríamos que começar tudo de novo, sob um novo nome e fazer um álbum assim. E foi isso.

Como foi ter um novo nome e começar de novo? Conte sobre as dificuldades de fazer o nome da nova marca.
Gorham: É difícil, devo admitir. Na verdade, é mais difícil do que eu me lembrava ser antigamente, quando comecei no Thin Lizzy. E acho que isso se dá ao fato de que receitas foram cortadas de todas as bandas de rock, porque ninguém mais vende álbuns. Então, não tem como usar essa renda para investir no grupo. No início, ninguém sabia quem éramos e tudo que queriam era falar sobre o Thin Lizzy. Aí, tive que parar isso e falar que nós só tocávamos coisas do Black Star Riders e não Thin Lizzy. É difícil. Não somos a banda principal, estamos sempre na abertura. Mas, se você tiver a coragem de ir lá e fazer, ainda dá para fazer. É duro, mas é divertido ao mesmo tempo, por isso que faço.

Vamos falar sobre o Thin Lizzy mais para o final, porque o último álbum que você fez com eles foi o “Thunder and Lightning” (1983). Você também tocou no 21 Guns. Havia alguma frustração em termos de composição antes do Black Stra Riders, porque você não lançava algo inédito desde “Demolition” (2002) do 21 Guns? Como compositor, você ainda compunha?
Gorham: Eu ainda tinha uma boa quantidade de ideias. Mas agora tinha que tentar encaixá-las com outro grupo de pessoas, com um estilo um pouco diferente e, talvez, um caminho diferente que eles quisessem tomar. É claro que nem tudo é usado, porque Ricky (Warwick) canta de uma certa forma e o público quer ouvir as guitarras de um jeito. Logo que eu saí do Thin Lizzy, larguei as harmonias típicas de guitarra e fui para outro caminho. Mas os garotos queriam manter aquela tradição do Thin Lizzy, então tive que focar minha cabeça nisso mais uma vez. E eu gosto. Só penso que fiz isso em tantos álbuns e por tantos anos que precisava seguir um caminho diferente. Portanto, há muitos ajustes que devem ser feitos no campo da composição. Você tem que sentir como são os outros, o que eles acham. Dá uma sugestão, se for aceita, ótimo; se não, tenta entender por que foi recusada. Talvez haja razões óbvias para isso. Estou acostumado e compor com um parceiro, como fazia com Phil no Thin Lizzy e Leif Johanson (baixo) no 21 Guns. Eu mostrava para eles umas partes que eu havia feito e continuávamos a partir dali.

Scott Gorham | Foto: divulgação

Quando houver uma razão realmente muito boa para colocar o a máquina do Thin Lizzy de volta a funcionar, faremos isso, mas tem que haver uma razão muito boa” – Scott Gorham

“All Hell Breaks Loose” saiu em 2013, tendo uma formação um pouco diferente, com Marco (Mendoza, baixo). O álbum soava muito bem, mas quando saiu “The Killer Instinct” (2015) deu para sentir o amadurecimento. A banda estava mais coesa, entrosada e vocês trouxeram Robbie Crane (baixo, ex-Ratt, Vince Neil). Qual era o pensamento quando começaram “Heavy Fire”: continuar essa evolução natural ou tentar se reinventar?
Gorham: Acredito que foi mais a parte de tentar melhorar. Nick Raskulinecz [produtor] disse que o último era um grande álbum, mas que esse tinha que ser ainda melhor. Então, logo de início, havia pressão em todos nós para fazer algo ainda melhor. Aí começamos a trabalhar de novo, mostrar as coisas uns para os outros, sendo bem críticos sobre o que manteríamos ou não. Achei que Ricky fez um grande trabalho com as letras, Damon tocou uma guitarra sensacional, assim como eu e Robbie. Foi um daqueles momentos em nossa carreira em que a banda se encaixa muito bem.

Vamos falar um pouco de Ricky Warwick. Você esteve na banda com Phil (Lynott) que, para muitas pessoas, é a voz da geração delas. O que ele significa, porque ele era um talento escondido. No Reino Unido ele é conhecido pelo The Almighty, mas não no resto do mundo. Sem querer menosprezar, mas era assim…
Gorham: (risos). Eu sei. O problema com o nível de banda que é o Black Star Riders é que eu achava impossível ser conhecido em todo lugar. É por isso que você sai e faz o máximo de turnês e promoções possíveis para divulgar o nome. Ricky é tipo uma máquina para escrever letras. Você só aperta um botão. É só falar para ele. Eu nem sei quantas vezes eu mostrei um riff para ele e ele falou: “Tenho uma letra para isso.” Ele faz isso quase toda hora. Acho que as letras para o álbum ficaram prontas antes de todas as músicas. Ele está constantemente escrevendo letras, criando riffs legais dos mais diferentes tipos. É o tipo do cara ligado na tomada. Se não estamos em turnê [com a banda], ele está fazendo uma turnê solo acústica, ele não para… É bem interessante de observar. E ele me lembra muito Phil. Ele era o mesmo tipo de pessoa. Em termos de atitude, eles são a mesma coisa. Sobre a voz, eu vejo muita gente dizer que ele soa muito parecido com Lynott, mas como conheço os dois muito bem, para mim é difícil comparar. Quando Ricky compõe, ele escreve uma história que acompanha a música e é o que sempre me atraiu nas letras de Phil. Então, há várias coisas iguais entre os dois e ao mesmo tempo muita coisa diferente.

Sim, e o que alguns fãs podem não perceber é que ao mesmo tempo em que compunha para “Heavy Fire”, ele lançou três álbuns solo: “When Patsy Cline Was Crazy”, “Stairwell Troubadour” e “Hearts on Trees”. Em resumo, num período de um ano ele compôs sessenta músicas que foram gravadas e lançadas. Quem faz uma coisa dessas?
Gorham: Foi isso que eu quis dizer. Ele é uma máquina de letras, não para nunca. É muito prolífico em termos de letras e eu admiro muito isso porque sei o quanto é difícil escrever uma letra legal. Uma que faça sentido, soe bem e passe sua ideia, tudo em 3 minutos e meio.

O nome Thin Lizzy nos cartazes é jogo ganho e vai vender. Há uma tentação em fazer algo como ser o Black Star Riders no Reino Unido, mas no resto do mundo engolir o orgulho fazer uma turnê como Thin Lizzy, ou isso nem se cogita?
Gorham: Acho que se conversou sobre isso bem no início do Black Star Riders, mas agora que vimos o efeito que conseguimos no público como Black Star Riders… Acho que agora seria quase como uma trapaça. Eu entendo a teoria por trás disso, mas uma vez que decide o que quer fazer, tem que ser corajoso e manter sua posição. Isso não quer dizer que jamais faremos um set do Thin Lizzy novamente. No ano passado fizemos isso porque foi o trigésimo aniversário da morte de Phil e o quadragésimo do álbum “Jailbreak”. Todos nós sofremos certa pressão [por causa dos aniversários] para fazer algo e escolhemos cinco shows: Alemanha, Espanha, Inglaterra, um país na Escandinávia e um outro que não lembro. Mas o que estou tentando falar é que havia uma razão para se fazer isso. Acho que essa será a forma como vamos lidar com essa questão. Quando houver uma razão realmente muito boa para colocar o a máquina do Thin Lizzy de volta a funcionar, faremos isso, mas tem que haver uma razão muito boa.

Vocês fizeram esses shows em 2016 com Tom Hamilton (baixo, Aerosmith) e Scott Travis (bateria, Judas Priest), o que achei uma boa ideia, porque seria simples demais se usassem a formação do Black Star Riders com outro nome. Dessa forma deixou tudo especial e único, algo que pegou bem para vocês. Como foi tocar com eles?
Gorham: Olha, foi bem legal. Os dois foram avisados uns três meses antes e obviamente tiveram a chance de ouvir as músicas em casa nos fones e destrinchar tudo com calma. Afinal, seriam noventa minutos de músicas que eles nunca haviam tocado. Acho que Scott chegou a tocar algumas em outra banda. Tom nunca tocara fora do Aerosmith. Pelo o que ele me contou, ele estava com o Aerosmith há 45 anos e jamais saíra para tocar em qualquer outra banda e nem mesmo como músico de estúdio. Tê-lo conosco para tocar uma hora e meia de músicas do Thin Lizzy foi incrível. Com Scott, quando abrimos para o Judas, eu fiquei na primeira fila assistindo ao set do Judas várias vezes. E nunca conseguia tirar os olhos dele, por ser uma baterista tão exuberante. E aí eu pensei: “Um dia desses vou estar em uma banda com esse cara”. Então, quando chegou na hora de decidir o baterista para os shows do Thin Lizzy, ele era o primeiro da lista. Quando ligamos para ele, confirmou na hora, disse que estava dentro 1000%, nem pensou duas vezes. Achei isso muito legal. E foi ótimo no palco, não dá para querer mais do que isso.

Brian Downey, Brian Robertson, Phil Lynott e Scott Gorham, a formação Thin Lizzy de 1974 a 1978 | Foto: divulgação

Havia algumas bandas que já faziam ou haviam feito isso [guitarras dobradas]. Mas acho que o que as pessoas viram no Thin Lizzy é que fazíamos de uma forma diferente.” – Scott Gorham

Falemos um pouco mais do Thin Lizzy. Não quero abordar a história inteira porque isso já foi feito e estamos conversando por causa do Black Star Riders. Mas a grande coisa é o lance das guitarras dobradas, você e Brian Robertson. Conte como foi isso, porque é claro que a primeira vez que fizeram, não sabiam o impacto que teriam. Como foi que se juntaram e desenvolveram o estilo? Sabiam que tinham algo único nas mãos?
Gorham: Hum, olha, não exatamente. O que eu sempre digo é que não foi premeditado de forma alguma. Começou mesmo no segundo álbum com essa formação, o “Fighting”. Foi um engano. Brian havia saído do estúdio, eles haviam gravado e quando o engenheiro de som foi colocar para nós ouvirmos o que havia sido feito, por engano, colocou um delay de alguns milésimos de segundo e isso chegava para nós como uma harmonia. O engenheiro pediu mil desculpas, mas Brian Downey (baterista), Phil e eu nos entreolhamos e dissemos para ele que estava legal. Chamamos Brian (Robertson) de volta e então eu ou Phil falamos para ele gravar só aquela linha e que eu ia aprender as notas da harmonia e gravá-las. Foi o que fizemos. Quando terminamos essa parte específica, achamos que tinha ficado bem interessante. Tem outra parte que dá para fazer a mesma coisa, por que não tentamos também? Como disse, não foi premeditado, havia algumas bandas que já faziam ou haviam feito isso. Mas acho que o que as pessoas viram no Thin Lizzy é que fazíamos de uma forma diferente. Acho que os acordes menores numa banda de rock não haviam sido usados antes. Depois desse “acidente”, Brian e eu entramos de cabeça nisso e começamos a encontrar lugares onde podíamos colocar isso ou até inventar partes que davam para se colocar. Foi assim que aconteceu.

Essa ainda é a forma como o Black Star Riders grava? Se acontecer um erro fortuito desses, você deixa? Porque com Pro-Tools e tudo que se tem a disposição para correção de tom e toda essa baboseira que você conhece…
Gorham: Nós não cometemos erros! (risos)

Mas você acha que perdemos a mágica da gravação?
Gorham: Eu acho que a mágica vem dos improvisos que acontecem. Quando se faz um solo ou Rick grava os vocais. Mas quando se está aprontando a base, isso tem que estar perfeito. Você sempre vai corrigir alguma coisa, mas, se cometer um erro que soa bem, vamos em frente com ele. Aquele tipo de erro [que resultou nas guitarras gêmeas] acontece o tempo inteiro, provavelmente com todas as bandas que existem.

O álbum “Jailbreak”, do Thin Lizzy, saiu no final de março de 1976. Quando se lê as músicas que fazem parte dele – “Jailbreak”, “The Boys Are Back In Town”, “Cowboy Song”, “Emerald”… –, é praticamente uma coletânea!
Gorham: Passa essa sensação, né? Quando tocamos o set do Thin Lizzy, acho que são seis ou sete desse álbum, o que é bastante, já que temos onze álbuns e precisamos de espaço para as outras. É difícil deixar alguma de fora, porque sempre tem gente que vai perguntar por que você não tocou essa ou aquela. Nosso catálogo é bem grande, então temos que prestar atenção mais no que deixamos de fora do que no que tocamos. Tentamos agradar o máximo de pessoas possível quando tocamos o set do Thin Lizzy.

Eu sei que é uma pergunta clichê, mas quando entraram no estúdio achavam que iam fazer mágica nesse álbum ou é sempre uma esperança de que os fãs gostem?
Gorham: Na verdade, era um medo projetado. Era o terceiro álbum com essa formação e, naquela época, era esperado que a banda tivesse sucesso no terceiro álbum. Se não, mostravam a porta para você. Ouvimos isso do nosso management, da gravadora, de jornalistas… Estávamos sob pressão. Tínhamos que criar algo relevante. Agora o que é esse algo mágico, quem diabos sabe? Tudo o que pode fazer é entrar no estúdio com as músicas que tem e ter fé em Deus que no fim alguém vai gostar. E foi o que fizemos nesse álbum, mas, sem dúvida, ensaiamos muito mais para ele e passamos mais tempo compondo, sabendo que aquele medo era como um peso sobre seus ombros. Mas, de vez em quando, o medo trabalha de forma mágica, você acaba fazendo coisas que talvez não fizesse e acaba funcionando.

Thin Lizzy em 2016, com Tom Hamilton, Scott Travis, Ricky Warwick, Darren Wharton, Damon Johnson e Scott Gorham | Foto: divulgação

Eu tive que ser convencido a entrar de novo em toda aquela situação [reunião do Thin Lizzy], porque antes da celebração dos dez anos, fizemos uma turnê japonesa de sete shows” – Scott Gorham

Falando sobre grandes músicas e grandes álbuns, “Cold Sweat” destaque do “Thunder and Lightning” (1983), que é o último álbum que fizeram, sem contar lançamentos ao vivo. Fale sobre esse trabalho, no qual vocês pegaram John Sykes do Tygers of Pan Tang.
Gorham: A ideia era que fosse mesmo o último álbum de estúdio. Na verdade, Phil me convenceu a gravá-lo porque eu fui até a casa dele uns meses antes e meu estado de saúde era ruim. Eu precisava sair da banda para me curar. A hora que contei isso para ele, Phil pirou e disse que era um absurdo e que não podia fazer isso com os fãs e tal. Conversamos por uma hora, quer dizer, ele falou por uma hora e quando saí da casa dele… Bom, eu entrei querendo deixar a banda e saí com o próximo álbum e a próxima turnê (risos). Fiquei imaginando: “Como diabos isso aconteceu?”

Porque Phil lhe pediu e o que quer que Phil te peça, você faz…
Gorham: Ele tinha lábia, sabia argumentar e passar a ideia dele. Mas achei que esse álbum foi uma ótima maneira de terminar. Há grandes músicas e grandes atuações nele. Seria horrível terminar com um lançamento ruim. Eu e todo mundo na banda ficaríamos arrasados. A atitude no estúdio era que, sem dúvida, esse seria um grande disco. Íamos fazer o melhor que pudéssemos. Não tenho certeza se John Sykes sabia disso, mas tocou muito bem, criou ótimas coisas na guitarra ali e também me estimulou.

Em 1996, você celebrou os dez anos da morte de Phil com uma série de shows com John Sykes nos vocais e o álbum “One Night Only” surgiu disso. Como um disco ao vivo é fantástico e acho que Sykes fez um grande trabalho ali, concorda?
Gorham: Sim. Fez uma grande interpretação de Phil e na guitarra ele foi de novo fabuloso. Eu tive que ser convencido a entrar de novo em toda aquela situação, porque antes da celebração dos dez anos, fizemos uma turnê japonesa de sete shows. Ele [John Sykes] me ligou umas quatro vezes para me convencer a fazer isso [a turnê japonesa]. Tínhamos que voltar com a banda, dava para fazer uma turnê do Japão porque ele conhecia promotores lá. E eu não queria de jeito nenhum. Na quarta vez que ele ligou, eu perguntei quem diabos ia cantar. Ele disse que pensou nele mesmo. Não me recordava dele cantando nada a não ser backing vocals no Thin Lizzy. Ele disse que me mandaria três álbuns solo para eu ouvir e depois que eu ouvi achei que soava bem, sua voz era boa e nós voltamos a conversar. O problema em 1994, 96, quando quer que tenha sido, é que não havia um modelo para esse tipo de coisa, formar uma banda de novo. Naquela época, as bandas não faziam isso. Fomos fazendo as coisas na hora. O lance no Japão deu muito certo e começamos a receber cartas, não era e-mail ainda, de fãs realmente furiosos conosco dizendo que a gente tinha voltado com a banda após dez anos e tínhamos decidido viajar meio mundo para tocar para os japoneses quando foram eles que nos apoiaram por anos e anos. Aí eu pensei e achei que tinham razão. No ano seguinte, resolvemos fazer dez shows, todos na Europa. Dois na Inglaterra, o resto na Alemanha, Escandinávia e algum outro lugar e isso resolveu as coisas. Fizemos isso, deu muito certo e os fãs não queriam largar. Para ser sincero, me divertia bastante com isso. Fizemos isso por alguns anos e foi ótimo.

“One Night Only” ainda é um álbum divertido de se ouvir. Se você só ouvi-lo pelo que é, ou seja, esses caras tocando essas músicas, a versão de “Waiting For na Alibi”, a versão de “Cold Sweat”… Soa mágico, monstruoso ou qualquer palavra que queira usar.
Gorham: Soa ao vivo, né? Sabia que aquilo é de um programa alemão de rádio? Não havia uma mesa de 64 canais gravando. Foi feito para um programa de rádio. Eles só podiam tocar três músicas na estação depois do show, mas gravaram o show inteiro e ainda nos deram a fita.

E vocês aproveitaram ao máximo!
Gorham: Sim, olha, vou te falar uma coisa: quando nós ouvimos e vimos que estava muito bom, decidimos fazer uma mixagem e ver o que acontecia. Acho que foi bem em termos de venda. Não tenho certeza, mas de qualquer forma, todos se divertiram.

Para terminar, devo dizer que os três álbuns do Black Star Riders são ótimos e as versões acústicas para “The Killer Instinct” e as outras seis, que eu não lembro agora, são brilhantes! A banda precisa lançar um acústico, porque vocês conseguem um nível totalmente diferente de emoção quando estão só com voz e violão.
Gorham: Muito obrigado, nós fazemos esses acústicos de tempos em tempos. Ricky e Damon fazem muito isso e eles me arrastam sob protestos, mas assim que estou ali, eu gosto. Se você estiver em alguma cidade e Rick e Damon estiverem lá e fizerem isso, não perca porque não é apenas música boa, é divertido pra caramba! É quase como um número de improviso e você dá boas risadas a noite inteira. É bem legal.

Black Star Riders: Scott Gorham, Jimmy DeGrasso, Ricky Warwick, Damon Johnson e Robbie Crane | Foto: Robert John
Black Star Riders: Scott Gorham, Jimmy DeGrasso, Ricky Warwick, Damon Johnson e Robbie Crane | Foto: Robert John

Transcrito e traduzido por Carlo Antico.

Black Star Riders - Heavy Fire
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