Nesta edição especial da seção HEAVY NERD, Doktor Bruce faz a crítica para o filme Alien: Covenant, novo longa da franquia Alien. E sem spoilers!

Crítica para o filme Alien: Covenant | Rockarama

“Alien: Covenant” – No espaço, ninguém consegue ouvir você bocejar

Antes de entrarmos em “Alien: Covenant”, vamos falar um pouco sobre a criatura conhecida como Xenomorfo (ou Internecivus raptus se você tem a quadrilogia em DVD ou Lingua foeda acheronsis, se você leu os quadrinhos).

Em 1979, Ridley Scott lançou “Alien, o Oitavo Passageiro”. O longa é basicamente um filme de casa mal assombrada no espaço sideral, que até hoje é extremamente aclamado graças a uma das protagonistas mais icônicas do cinema e uma das criaturas mais marcantes já feitas.

Em 1986, James Cameron lançou “Aliens, o Resgate”. Ele pegou a criatura criada por Scott, ignorou um pouco o terror psico-sexual que o monstro evoca e fez uma analogia à guerra do Vietnã. O monstro se tornou ainda mais aterrador quando, ao invés de um, existem centenas.

Depois, bom, nosso humilde xenomorfo passou por mais alguns filmes, enfrentou predadores e nunca mais foi o mesmo em termos de qualidade. Em 2012, Ridley Scott voltou para a franquia com “Prometheus”, um filme que era e não era um prequel de “Alien” (1979), que ia e não ia explicar a origem da criatura e que ia e não ia ser parte da saga. Porque, nessa esta altura do campeonato, Damon Lindelof deveria ficar longe de qualquer aparelho que permita que ele escreva novos roteiros.

Após “Prometheus”, entra “Alien: Covenant”
Em “Prometheus”, um grupo de cientistas/astronautas/pessoas que não sabem o que estão fazendo embarcam em uma expedição para descobrir a origem da humanidade. Em uma colônia espacial abandonada, eles se deparam com os Engenheiros, uma espécie alienígena que desenvolveu uma bio-arma perigosíssima. Este patógeno se adapta à matriz genética podendo criar criaturas mutantes, infecções e zumbis – basicamente qualquer coisa que o roteiro precise.

No final, boa parte da expedição morre. A Dra. Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) e o androide David (Michael Fassbender) tomam uma das naves dos Engenheiros e embarcam rumo ao planeta deles.

Após 10 anos, a corporação Weyland (pense na Umbrella com ainda mais renda descartável) financia uma expedição para colonizar um novo planeta. A tripulação a bordo da nave Covenant acorda após um incidente e descobrem um pedido de socorro originado de um planeta com condições perfeitas para sustentar vida humana, que está convenientemente mais próximo que seu destino original, e que, de forma também conveniente, não havia sido notado até o momento.

No planeta novo (vamos chama-lo de “Conveniência Prime”) a expedição encontra David vivendo sozinho há 10 anos. Coisas vão ser reveladas e aí vai começar a matança.

“Alien: Covenant” não assume um compromisso
O problema principal de “Alien: Covenant” é a indecisão sobre o que o filme quer ser. Não é um filme de slasher, porque demora demais para a criatura começar o extermínio. Não é um filme de terror eficiente, porque a trama não consegue decidir que história ela quer contar (não ajuda que os personagens são completamente esquecíveis). Não se sabe nem ao certo que gênero o longa pretende ser.

Em “Alien: Covenant” temos o elemento básico de um bom filme da série Alien: um grupo preso em um ambiente claustrofóbico precisa sobreviver ao ataque de uma criatura ultra feroz e indestrutível. Temos, também, uma tentativa de replicar algo de “Predadores” (2010), com o grupo de sobreviventes presos em uma selva hostil. Existe, até, o que provavelmente é a parte mais interessante: uma tentativa de criar um horror de corpo a la David Cronenberg ou Dead Space com as maquinações de David no planeta abandonado, gerando o desconforto físico que os xenomorfos causam com a ideia de um culto à carne. Isso criaria uma experiência aterradora e única.

Infelizmente, não é o caso. O longa não consegue nem oferecer uma protagonista feminina interessante, a tenente Daniels, interpretada por Katherine Waterston, termina como uma versão Nutella de Ellen Ripley (Sigourney Weaver). Os demais personagens são tão clichês que parecem que foram extraídos de um caderno de James Cameron nos anos 80.

Vale a pena? Com um terror baunilha, cenas fracas e nenhuma temática interessante, “Alien: Covenant” é uma mistureba que termina com gosto de nada.

Tenente Daniels, uma versão Nutella de Ellen Ripley | Foto: reprodução
Tenente Daniels, uma versão Nutella de Ellen Ripley | Foto: reprodução

Observações:

  • Entre Prometheus e Covenant, o Xenomorfo está virando o Han da série Velozes e Furiosos em termos de cronologia;
  • Filmes de terror que os personagens morrem pela própria burrice são uma relíquia dos anos 90;
  • O neomorfo tem um visual interessante;
  • Aliás, toda a parte com o androide David deveria merecer mais destaque, foi a única parte interessante do filme.
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