Eterno frontman do Twisted Sister, hoje em carreira solo, surpreende com um dos melhores trabalhos de sua vida

Dee Snider | Foto: Stephanie Cabral

Existe uma expressão muito antiga para se referir a alguém que consegue fazer bem várias coisas. Diz-se que tal pessoa é alguém “dos sete instrumentos”. E, são poucas pessoas no mundo sobre quem se pode dizer isso de forma tão categórica como Dee Snider. Desnecessário aqui falar tudo que conquistou com o Twisted Sister, mas o cara também é radialista, roteirista, produtor de cinema, cantor de musical e ator. No momento, é a voz que se ouve em um dos grandes lançamentos de heavy metal do ano, o ótimo “For The Love of Metal”. Foi parar falar sobre ele, mas também de filmes de terror, podcast, Broadway, animação infantil e atual momento da indústria da música que batemos um interessante papo com ele.

Seu novo álbum, “For The Love of Metal”, é absolutamente fenomenal. Não há uma única música ruim, não tem aquela que acha que pode pular. Não tem como!
Dee Snider: Nossa, achei que fosse só eu que achasse isso! (risos). Quando se está fazendo um álbum, você o escuta várias vezes até que cansa. Mas, coloquei-o para escutar outro dia por inteiro e também achei que é um desses!

Dee Snider | For the Love of Metal

Parei de compor em 1995, porque percebi que estava prestando muita atenção no que os outros estavam fazendo e os imitando para tentar me manter contemporâneo” – Dee Snider

Quando se ouve um álbum para uma entrevista ou resenha, depois de 30 segundos de cada música você já entende como elas são. Mas, com esse, eu literalmente não conseguia fazer isso!
Snider: Sabe de uma coisa? São só 35 minutos! É tipo um disco de punk. E aqui todo o crédito para Jamey Jasta (vocal, Hatebreed) e sua equipe de produção – os irmãos Bellmore, Charlie e Nick. Realmente, eles assumiram o controle de construir com cuidado essas músicas. Deixaram tudo compacto e direto, sem desperdício. Não houve momentos em que se achou que as músicas eram muito curtas.

Quando os CDs apareceram todos caíram na tentação de fazer álbuns com 17 músicas e que duravam 79 minutos. Nos anos 70, o Aerosmith e o Cheap Trick tinham álbuns de 28 minutos. Essa é a duração certa e você voltou para o que deveria ser – sem desperdício, eficiente. Essa é a duração certa para um álbum assim?
Snider: Penso que alguns artistas se tornaram deliberadamente autoindulgentes com o passar dos anos. Se consideraram importantes e nós, os ouvintes, acabamos sofrendo por causa disso com frequência (risos). Eu sei que sofri. Tenho idade suficiente para lembrar das bandas no fim dos anos 60 e início dos 70, quando as coisas ficaram realmente autoindulgentes. E, de repente, durante os anos 70, voltou-se a fazer músicas mais curtas e as pessoas deixaram bandas como Gentle Giant, Yes, ELP e todas essas bandas progressivas. Até hoje existem fãs desse tipo de música, mas há outros que só querem um soco na cabeça e vamos para a próxima. Essa é a minha escola e, com certeza, de Jasta também.

Jamey Jasta convidou-o para o programa dele (“The Jasta Show”) e lhe fez um desafio, que você aceitou. Há anos você vem dizendo que ninguém mais quer ouvir música nova, mas aceitou. O que Jamey teve que o convenceu?
Snider: Bem, eu fiz duas perguntas antes de aceitar. Quando ele me desafiou a fazer um álbum de metal mais contemporâneo, eu perguntei: quem vai produzir? E ele: eu! Conheço Jamey mais como pessoa do que pelo seu trabalho, sei que é inteligente, tem muito senso comercial, é um fã de metal e meu fã. A pergunta seguinte foi: quem vai compor? Porque eu não consigo. E eu tentei. Parei de compor em 1995, porque percebi que estava prestando muita atenção no que os outros estavam fazendo e os imitando para tentar me manter contemporâneo. Não compunha com meu coração. No Twisted Sister eu compunha porque estava no meio de tudo aquilo e se tornou uma parte integral do que foi o som do metal nos anos 80. Mas não foi por decreto, foi genuíno. Depois, percebi que estava literalmente estudando essas outras bandas e tentando soar como elas. E isso não era verdadeiro. Logo, sabia que se compusesse para esse álbum, ia soar como anos 80 ou como cópia dos outros. Foi quando Jamey disse: ‘Dee, todos irão querer compor para Dee Snider.’ Aí eu aceitei. Mas, mesmo assim, quando fui gravar, fiquei receoso, mas era só uma tentativa. Entramos no estúdio com algumas músicas para testar. As primeiras foram “American Made” e “Running Maze”. E quando estava na cabine gravando, já achei maravilhoso. E eles, me observando, também acharam. Jamey disse que tinha desafiado outras pessoas e ninguém aceitou. Como aceitei, ele se viu com a responsabilidade, pela confiança que depositei nele, de deixar as coisas ótimas. E quanto mais o tempo passava, melhor ia ficando. E uma vez que percebemos que estava funcionando, a enxurrada de integrantes de outras bandas como Lamb of God, Disturbed, Killswitch Engage que apareceram querendo contribuir… Ligavam para Jamey depois que ouviam e queriam fazer parte. E, de novo, sem orçamento, nada de dinheiro. Todos se juntaram à festa por amor ao metal, daí o título.

Dee Snider na última turnê do Twisted Sister | Foto: Edu Lawless

Não vou citar nomes, mas alguns de seus artistas de metal favoritos não compõem as próprias músicas, apesar de colocarem seus nomes nelas” – Dee Snider

O que pode dizer sobre o talento para composição? Como se manteve em forma, sem compor desde o meio dos anos 90, como falou?
Snider: Eu não componho com frequência, só quando preciso. E é tudo ‘old-school’. Compus algumas músicas para o meu musical, “Rock N’Rolll Christmas Tale”, quando nos mudamos de Chicago para Toronto e tive que reescrever o show. Mas era rock’n’roll bem direto. E agora acabei de vender um show para a Netflix, uma animação infantil para qual fiz as músicas, mas é rock e isso posso fazer durante dias. Mas metal contemporâneo e genuíno… Apesar de eu gostar! Meus filhos são todos headbangers, eu ouço as músicas, vou aos shows, mas não consigo fazer sair de mim naturalmente, sem soar forçado. E música não pode ser assim. Tem que ser genuína! Por isso, ter ótimos músicos e artistas mais novos compondo para mim foi simplesmente incrível. Eles são verdadeiros, compõem com suas almas. Muitos reclamaram de não serem minhas músicas, mas Elvis não compunha as dele, nem Frank Sinatra. Não vou citar nomes, mas alguns de seus artistas de metal favoritos não compõem as próprias músicas, apesar de colocarem seus nomes nelas. Nem todo mundo compõe, mesmo em bandas. A questão não é compor as músicas que vai cantar e sim, se consegue cantar de forma convincente, acreditar na música.

Você mencionou ansiedade sobre compor novas músicas, mas agora que o álbum foi lançado, o motiva a voltar ao batente e pensar que, talvez em 2019, dê para fazer outro? Ou isso foi uma vez e basta?
Snider: Olha, eu queria fazer metal novo há muito tempo. O Twisted Sister queria fazer um novo álbum e eu disse que não conseguiria fazer algo tipo “De Volta para o Futuro”. Não consigo fazer um álbum soando antigo em 2006 ou 2007. Ninguém se importa com isso. Ou, pelo menos, não uma quantidade suficiente de pessoas. E destrói seu coração, quando você coloca sua alma em alguma coisa que é ignorada. Não toca no rádio, não toca na TV. Então, eu queria fazer isso e é o que quero pelos próximos vinte anos. Jamey vai me ajudar a chegar onde eu quero. A [gravadora] Napalm já se comprometeu em lançar o próximo álbum. Aliás, eles fecharam o acordo para dois álbuns antes de ver o resultado do primeiro. Disseram que acreditavam nisso. Nosso plano era trabalhar nesse por algum tempo. Eu nem estava sabendo de nada. Normalmente você lança o álbum e faz a tour, há todo um plano. Aqui, não tínhamos um contrato, nem orçamento, não sabíamos que seria tão bem recebido como foi. Fomos pegos de surpresa por essa repercussão. Mas agora já estamos planejando os shows para 2019, porque, acredite ou não, para 2018 não há mais datas. É difícil marcar shows tão em cima da hora. Estamos promovendo e fazendo algumas entrevistas. Aliás, farei parte do elenco de “Rocktopia” (N.T.: musical da Broadway), já que faremos uma turnê. Enfim, agora que cheguei até aqui, e o álbum foi recebido da forma que foi, quero fazer mais. No futuro, estarei mais envolvido no processo de composição, agora que entendi meu lugar e como proceder, particularmente no que tange às letras, apesar de Jamey ter sido incrível em me ‘canalizar’. Eu brinquei que ele era como Buffalo Bill em “O Silêncio das Inocentes”, usando uma roupa feita de pele de Dee Snider. É assustador o quanto ele me entende. E, vale a pena contar uma coisa aqui. Enquanto fazíamos o álbum, minha mãe foi atropelada e morreu. Teve danos cerebrais permanentes, agonizou em um hospital por dois meses e morreu. Jamey perguntou se eu queria parar, mas eu disse que não podia, porque metal é uma válvula de escape para mim, é o consolo que encontro no luto. Como todos nós, as emoções mais obscuras são liberadas através do metal, me sinto melhor e preciso tirar isso de mim. Enfim, gravamos treze músicas, porque uma era só para a versão japonesa, e quando íamos gravar a décima terceira, perguntei a Jamey se ele não achava que era o suficiente apenas doze. Ele respondeu que a que faltava valeria a pena. Eu tinha acabado de enterrar minha mãe e a música era “I’m Ready”. Quando fui gravar, quem estava no comando da sessão era Nick Belmont. De repente, eu parei, porque comecei a perceber as palavras que estava cantando, que me atingiram em cheio. As palavras eram: “Isso deixa um sofrimento que ninguém pode curar / O amor é uma memória que ninguém pode roubar”. Perguntei para Nick se Jamey havia escrito aquilo sobre minha mãe. E ele disse que sim, que havia escrito aquilo para mim… Estou ficando emocionado só de contar. Porque ele me viu passar por isso e compõe essa música poderosa sobre encarar a mortalidade e a perda para mim. E é a última música que gravamos, uma semana depois que minha mãe foi enterrada. Isso que é entrar na pele de outra pessoa! Jamey Jasta entendeu Dee Snider e isso é claro em todas as músicas.

Sim, e, claro, meus sentimentos com relação à sua mãe. Falamos sobre bandas que vivem do passado e de seu legado. Bandas como Foreigner e Whitesnake. O Def Leppard e o Journey estão tocando em estádios. Por que seria tão errado para Dee Snider fazer um álbum que soa como “Stay Hungry” (1984) em 2018 ou 2019? Os fãs com certeza iriam gostar, mas a sensação que tenho é que você é reticente quanto a isso porque não quer voltar no tempo. Mas, seria horrível ou errado, você fazer um álbum com sonoridade clássica?
Snider: Vamos aos fatos: veja as vendas ou o número de downloads para um álbum novo do Whitesnake, Foreigner, Styx ou até o Def Leppard. São horríveis. Aqui eu quero pedir desculpas ao punhado – e são apenas um punhado – de fãs que abraçam não apenas os antigos, mas também os novos, trabalhos de suas bandas prediletas. Vocês deveriam todos se mudar para a Europa, onde as pessoas têm muito mais apreço pela história e sempre lhe respeitam pelo trabalho que fez. Mas isso não é o bastante. Quando já se vendeu milhões… Não é só o lado econômico. Quando já se tocou em tudo quanto é rádio, TV e esteve em programas como David Letterman e o “Tonight Show”, tudo isso, é muito difícil retroceder. É muito difícil fazer álbuns só para você. E, basicamente, é isso que estão fazendo. E eu não vou fazer música para não ser ouvida. Isso vai acontecer com “For The Love of Metal”? Pode ser. E se isso acontecer, eu vou continuar? Não sei! O que eu sei é que adoro o fato de que as pessoas estão ouvindo esse álbum e prestando atenção nele, no nicho pelo qual me importo, e reagindo de forma muito positiva a ele. E espero que continue. É uma conquista pequena, mas já consegui ser o álbum mais tocado em rádios de metal e o vídeo mais reproduzido em canais de metal e não estava nessa situação há décadas. Décadas!

Dee Snider em "Strangeland" | Foto: reprodução

Eu escrevi o roteiro para um novo filme. Muita gente sempre me pediu outro após “Strangeland”, mas ele foi tão inovador que não queria outro só por fazer” – Dee Snider

Vendo pela perspectiva jornalística, você também é a entrevista mais solicitada atualmente, porque é empolgante. Outra coisa sobre a qual vale a pena falar é esse seu acordo com a Netflix. Você está trabalhando com uma produtora, Titmouse, para fazer uma série de animação para crianças, mas também vai usar sua produtora de filmes de terror para refilmar uma franquia famosa. Como é para você se envolver com cinema e qual é essa franquia?
Snider: Não posso lhe dizer. O contrato ainda não está assinado e vamos fazer um anúncio formal, mas já posso adiantar que vai deixar as pessoas de queixo caído. Enquanto isso, estamos em contato com muita gente graúda para oferecer-lhes uma oportunidade de fazer uma parceria conosco, porque o negócio será grandioso em todas as plataformas mais importantes. Nosso objetivo é não apenas o longa-metragem, mas também uma série de TV em conjunto, logo no lançamento. Acho que será em setembro. O que aconteceu foi que ouvi rumores de que os criadores dessa franquia queriam fazer algo e fazendo a melhor formulação de proposta da minha vida, liguei para eles e os convenci de que deveriam usar a minha produtora. Além dessa franquia, temos vários filmes de terror em vários estágios de desenvolvimento, além de alguns programas de TV, também de terror. Mas tudo isso vai ficar um pouco de lado, porque esse relançamento será tão imenso que irá definir nossa companhia. Eu escrevi o roteiro para um novo filme. Muita gente sempre me pediu para escrever outro após “Strangeland” (no Brasil, “Mórbido Silêncio”, 1998), mas ele foi tão inovador que não queria fazer outro só por fazer. Mas, vinte anos depois, tive uma ideia escrevi outro roteiro e iremos em frente com ele, depois que sair da gaveta. E será tão inovador como “Strangeland”, irá mudar todo conceito de filmes de terror. Logo, há muita coisa acontecendo além de metal e rock and roll. No momento estou rindo de orelha a orelha. Minha esposa me disse que não me vê tão ocupado assim em muitos anos, mas eu adoro.

Esse é o melhor momento da sua carreira? Porque não precisa fazer o álbum que a gravadora quer que faça, vai trabalhar em “Sharknado 6”, vai começar um podcast, fez um álbum de metal e uma série de animação. É seu momento profissionalmente mais satisfatório? Você poderia ser só o cara da “We’re Not Gonna Take It”, mas é muito mais do que isso. E é empolgante testemunhar como fã.
Snider: Eu diria que meus dias de glória são os de hoje. Já faz um tempo que digo isso, mas sempre me senti assim. Não sou um cara que penso muito sobre isso, não vivo no passado. Estou mais interessado em falar no que está acontecendo agora do que o que aconteceu trinta anos atrás ou no que vai acontecer em um ou dois anos. E isso não significa que eu não tenha orgulho do meu passado. Sou extremamente orgulhoso dele, só não consigo viver nele. É empolgante passar o meu dia e fazer essa entrevista. Depois, pensar no próximo álbum, na série de animação e aí tenho uma reunião por vídeo sobre a refilmagem da franquia e então tenho que ensaiar para o “Rocktopia” porque a turnê começa em outubro, para cantar Led Zeppelin e Aerosmith de novo – aliás, o que é um grande desafio. Eu consigo mandar bem, mas as pessoas me perguntam se é difícil berrar como berro no “For The Love of Metal”. Para mim, é algo natural. Cantar de forma bem e limpa, que é algo que consigo fazer, aí, sim, é um verdadeiro desafio. Mas aí é que está o lance para mim: desafios. Foi assim quando me propuseram a animação. Falei para minha esposa que jamais pensei em fazer algo assim, mas é um desafio. E como pai, vejo a necessidade disso. Meus próprios filhos não entendem como eu mudo com tanta facilidade de um assunto para o outro.

E quando se inicia seu novo podcast?
Snider: Só depende de mim. O que aconteceu foi que com tudo que venho fazendo, estou viajando muito mais do que costumava viajar, logo o programa ia ficar inconsistente, não queria ficar adiando os shows, então cancelei. Mas, agora, sinto que sei para onde levar o podcast e estou mais pronto. O pessoal que faz a distribuição ainda não anunciou o início formalmente, mas sou eu que decido quando começar e quando isso acontecer, não vou parar. E, serei totalmente honesto: isso significará eu gravando uns três ou quatro shows e deixando “na gaveta”, para usar um termo técnico, para eu ter uma garantia se não puder fazer o programa em alguma semana por qualquer razão. Então, vou começar a guardar os programas, para garantir que uma vez que eu siga essa rota, seja consistente. Como foi o “House of Hair” (N.T.: programa de rádio de Dee Snider). Foram 20 anos, 1.150 programas, nunca faltei em nenhum.

Dee Snider | Foto: Tim Tronckoe

Meu objetivo é ficar fora das câmeras, porque além de ser muito trabalho e não estou ficando mais novo! Não quero me ver na tela com 70 ou 80 anos” – Dee Snider

E esse terá um tópico específico? Será político, rock ou é você falando de maneira livre? Ou isso está guardado para o anúncio formal daqui algum tempo?
Snider: Olha, posso falar de antemão que a razão pela qual me pediram é a de sempre: disseram que minha carreira cobre tantas esferas, tem acesso a tantos gêneros diferentes, seja rock, Broadway, terror, luta livre… querem o mundo de Dee Snider. Acham que há uma gama de assuntos e pessoas para se discutir sobre e discutir com que é tão ampla, que isso será o apelo do show. Minha vida e carreira são únicas e me permitem ter coisas interessantes sobre o que falar semanalmente. Acho que serão vários assuntos.

Voltando aos filmes de terror, você se vê na frente das câmeras? Estará por trás das cortinas, produzindo, organizando ou financiando? Qual será o seu papel?
Snider: Em primeiro lugar, adoro escrever e vou continuar fazendo isso. Adoro produzir, também. Meu objetivo é ficar fora das câmeras, porque além de ser muito trabalho e não estou ficando mais novo! Não quero me ver na tela com 70 ou 80 anos. Mas, escrevendo, desde que consiga criar as palavras para atores e atrizes de qualquer raça, cor ou orientação sexual… Se consegue criar palavras para uma personagem americana negra lésbica de quinze anos que a atriz consiga atuar de forma convincente, ninguém se importa de eu não ser uma americana negra lésbica de quinze anos. Então, gosto muito de escrever e produzir e é aonde tentarei estar cada vez mais. Posto isso, ainda estou impressionado em como toda hora minha voz volta a ser requisitada em palcos e gravações. Os pedidos por ela continuam aumentando bem quando estou tentando diminuir essa parte e ficar mais na criação.

E a participação no “Sharknado 6”? É uma aparição rápida?
Snider: Sim. O engraçado é que logo depois do “Sharknado 2”, eu estava em uma convenção de coisas ligadas a terror e minha mesa era ao lado da do pessoal do filme. Aí, em algum momento, o diretor veio até mim e disse: “Hey Dee…” eu já virei na hora e falei: “Não!” Ele perguntou: “O quê?” e eu falei: “Já sei o que vai me perguntar. Não, não estarei em ‘Sharknado’!”. Ficou chateado e saiu, dispensei-o. E agora, estou no “Sharknado 6”. Os filmes se tornaram essa coisa de cultura pop ou sei lá. É algo besta e divertido, e concordei em participar. Quando cheguei à Romênia, onde filmamos, o diretor virou-se para mim e disse: “Você falou não!” (risos). Respondi que ele havia vencido e que com seis filmes, havia criado algo que todos queriam participar.

Para finalizar, apenas reforçar como “For The Love of Metal” é um grande álbum, todos os fãs, velhos e novos, devem conferir. Meus parabéns!
Snider: Só quero dizer que meu maior orgulho é que ele não está sendo resenhado como um álbum saudosista. Você mencionou todas essas bandas como Def Leppard, Whitesnake e Foreigner, que fazem álbuns como antigamente, mantendo-se fiéis ao que eles são. Isso não é uma crítica. O objetivo de Jamey Jasta era trazer Dee Snider para o mundo do metal hoje. Ele mesmo disse que há fãs de metal antigo que você não consegue tirar dos anos 80, mas também existem outros que são mais mente aberta e ele queria atingir esses e criar o que ele chamou de um “álbum ponte” que iria ligar onde eu estava ao que está acontecendo hoje em dia. Bravo Jamey Jasta e toda equipe! E obrigado por me ajudarem a fazer esse álbum.

Dee Snider | Foto: Edu Lawless
Dee Snider | Foto: Edu Lawless

Transcrito e traduzido por Carlo Antico.

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