Uma das séries mais maravilhosamente toscas dos anos 1970 deu o nome para grupo americano de death metal
Não menos grotesca e obscura que a série de TV exibida pela rede ABC, entre setembro de 1976 e 1977, a banda americana de death metal Dr. Shrinker se tornou cult entre os tape traders no final dos anos 1980. “Sim, o nome vem mesmo da série, que alguns jovens americanos assistiam no final dos anos 70”, confirmou o baixista Matt “The Doctor” Grassberger.
Após demo-tapes, lançadas entre 1988 e 1990, o primeiro registro oficial, “Grotesque Wedlock”, saiu somente em 2004 – na verdade, uma compilação das demos “Recognition” (1988), “Wedding The Grotesque” (1989) e “The Eponym” (1990). O único full-length, “Contorted Dioramic Palette”, só foi ao mercado em 2015.
O grupo ficou inativo de 1991 a 2013, mas em seus primeiros anos era visto no underground de Milwaukee (Wisconsin) como o sucessor natural de nomes consagrados, como Morbid Angel, Obituary e Cannibal Corpse. “Não acredito que nenhum de nós na banda entendeu a atenção que recebíamos e a influência que exercíamos naquela cena. Éramos imaturos, apenas tocávamos e eu respondia cartas de pessoas do mundo todo, mas nós nos considerávamos apenas mais uma banda local de death e thrash metal”, revelou o vocalista Rich Noonan ao site Wormwood Chronicles.
O mais recente lançamento, “Archive II”, saiu em junho pela Nuclear War Now! Productions. Trata-se de mais uma compilação de músicas das demo-tapes “Wedding the Grotesque” (1989), “The Eponym Demo” (1990) e “Necrosis Session” (1990).
O Doutor Encolhedor
Parte do programa Krofft Supershow, a série Dr. Shrinker (Doutor Encolhedor) foi exibida no Brasil pela Rede Record em 1978 e, depois, em 1982. Estrelada por Jay Robinson (1930 – 2013), o cientista maquiavélico Doutor Encolhedor e seu assistente, o anão Hugo (Billy Barty, 1924 – 2000), faziam uso da “máquina redutora” que disparava o “raio encolhedor”. O experimento seria usado em Brad (Ted Eccles), B.J. (Susan Lawrence) e Gordie (Jeffery Neill “Jeff” MacKay, 1948 – 2008), adolescentes que fizeram uma aterrissagem forçada de avião e foram parar na ilha particular do Doutor Encolhedor.
Os 16 episódios mostram os jovens fugindo das investidas do vilão e seu assistente após terem sido atingidos pelo raio encolhedor. Ao escapar do laboratório, o trio de pequeninos se fixou em uma floresta, enfrentando diversos perigos da vida no local enquanto tentavam encontrar uma forma de voltar ao tamanho natural para escapar da ilha.
A intenção do Doutor Encolhedor era ficar rico vendendo a sua invenção para alguma grande corporação. Para isso, bolava planos para recapturar os fugitivos, pois somente assim poderia provar que a “máquina redutora” funcionava. “Eu persigo os encolhidos (‘shrinkies’). Pego os encolhidos. Os encolhidos escapam. É um ciclo vicioso e está me deixando louco!”, dizia o Doutor Encolhedor.
A série foi produzida pelos irmãos canadenses Sid e Marty Krofft, criadores dos personagens da aclamada Banana Splits, da Hanna-Barbera (NBC, 1968-1970), além de programas infantis como H.R. Pufnstuf, O Elo Perdido, A Mulher Elétrica e a Garota Dínamo, Se meu Bug Falasse, The Bugaloos e Lidsville. O chamado “estilo Krofft”, com efeitos especiais, muita cor, maquiagens, fantasias e desenhos pitorescos, levou alguns a questionarem se os irmãos faziam suas criações chapados de LSD. O fato foi negado pelos Krofft. Ainda que cult, a série continua bem underground – mesmo para os padrões da Internet. Sua comunidade na extinta rede social Orkut tinha apenas oito integrantes. Eu era um deles.
Sites relacionados:
www.facebook.com/DoctorShrinker
doctorshrinker.bandcamp.com
www.sidandmartykrofft.com