Epidemia de Zumbis, lançado em 1966, é um achado da era “pré-Romero”
Fazia um tempo que não via uma caracterização de zumbis que realmente me impressionasse. Não me leve a mal, eu aprecio e respeito a fórmula de George Romero: zumbis errantes e famintos por carne humana, todos vítimas de uma pandemia coletiva.
Romero foi genial. Pegou um tema que era tratado como bruxaria e vodu, e transformou em algo apocalíptico e inexplicável, além de colocar os zumbis como protagonistas de suas próprias histórias, os rostos esverdeados e membros pendurados vagando sem rumo é uma ótima estética. Porém, desde que me deparei com o rosto craquejado, olhos esbugalhados e túnicas grossas da mascote da banda sueca de death metal Death Breath, não consegui me aquietar até achar de onde vinha.
Descobri que a criação, Epidemia de Zumbis (The Plague of the Zombies, 1966), era vinda da produtora Hammer, notória pela revitalização de clássicos da Universal, como a sua saga de filmes do Drácula ou até mesmo seus filmes de Frankenstein, agora coloridos, sangrentos e britânicos.
O filme conta a história de James Forbes (André Morell), um médico recém-chegado em um remoto e conservador vilarejo, que foi solicitado ajudar a curar uma misteriosa peste que vinha matando e aterrorizando muitos de seus moradores. Um dos grandes problemas é o conservadorismo dos moradores e do seu fidalgo, Clive Hamilton (John Carson), que proíbe a autópsia no local. Isto força ele e seu pupilo, Dr. Tompson (Brook Williams), a profanar túmulos em busca de um corpo falecido pela praga. Porém, eles acabam achando sepulturas vazias.
Chega a ser estranho, depois da atual estética dos mortos ser consolidada por mais de 40 anos, voltarmos para ver um filme da qual a força motriz é um cultista mascarado e sua gangue, a fim de dominar escravos putrefatos. É, mas não deixa de ser sensacional no seu próprio jeito. O carisma canastrão do fidalgo é cativante e não cai muito longe de outros vilões da produtora.
Mas o que realmente impressiona são os zumbis. Apesar de terem pouco tempo de tela (algo criminal, em minha opinião), eles realmente têm uma presença em seus tropeços e grunhidos. Uma das melhores cenas é quando o doutor descabeça um deles com uma pá; o que não só é engraçado nos conceitos de hoje, mas também violento para o contexto do cinema de terror europeu dos anos 1960 – além de ter sido homenageada posteriormente pelo diretor Sam Raimi, em Evil Dead (1981).
Epidemia de Zumbis é sombrio e piegas ao mesmo tempo, e o equilíbrio entre esses dois é coisa de poucos. O filme foi bem recebido por fãs e críticos tendo, hoje, 78% de aprovação no site Rotten Tomatoes. Mesmo não obtendo nenhuma sequência, senta-se lado a lado de outros filmes dos mortos ou outros da Hammer. De fato, um dos melhores filmes para conhecer a produtora e um achado da era “pré-Romero”.
Confira o trailer de Epidemia de Zumbis:
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