Há trinta anos, Whitesnake colocava os dois pés no “hair metal”

Formação “galáctica” do Whitesnake não durou, mas “1987” atingiu o seu objetivo em vingar no mercado americano

David Coverdale, a voz e liderança do Whitesnake | Foto: Ash Newell
David Coverdale, a voz e liderança do Whitesnake | Foto: Ash Newell

A mudança na formação e a remixagem do trabalho de Martin Birch pelo de Keith Olsen em “Slide it In” (1984), evidenciando as linhas gravadas pelo guitarrista John Sykes (ex-Tygers Of Pan Tang e Thin Lizzy), foram alguns dos indícios de que a carreira dos ingleses do Whitesnake tinha um novo objetivo: subir de patamar no mercado americano. “Foi o momento de ruptura na carreira do Whitesnake e de (David) Coverdale. De banda gigante na Europa, e simplesmente desprezada no EUA, tornou-se a prioridade de sua nova gravadora, Geffen, estourá-los no mercado americano”, observou Paulinho Heavy, ex-vocalista do Inox e ex-funcionário da EMI Brasil.

Assim, com “Whitesnake”, ou “1987” (título na Europa) e “Serpens Albus” (título no Japão), o grupo conseguiu efetivamente o seu intento. A variedade nos títulos do disco também refletiu no repertório das versões europeia e americana. A primeira apresentou outra ordem, tendo “Looking For Love” e “You’re Gonna Break My Heart Again” como faixas adicionais. “O colecionador quer ter as duas versões deste disco marcante”, disse o vocalista Nando Fernandes (ex-Cavalo Vapor, Hangar). “Como se não bastasse ser um dos álbuns clássicos, contando com as regravações de ‘Here I Go Again’ e ‘Crying in the Rain’, já que o Coverdale sempre gostou de regravações, é um disco que traz ‘Bad Boys’, ‘Don’t Turn Away’, ‘Give Me All Your Love’… Enfim, é maravilhoso”, analisou o professor de canto e idealizador do projeto A Voz do Rock.

Performance de Coverdale neste álbum é reverenciada até os dias de hoje | Foto: Ash Newell
Performance de Coverdale neste álbum é reverenciada até os dias de hoje | Foto: Ash Newell

Isto não atrapalhou em nada. “Whitesnake” foi parar no segundo lugar da Billboard 200, vendendo oito milhões de cópias somente nos EUA até hoje. Claro, a premiação de oito Discos de Platina não seria possível sem a apoteótica e “zeppeliana’ “Still Of The Night”, a power ballad “Is This Love” e a melodiosa “Give Me All Your Love”, além das regravações de “Here I Go Again” e “Crying In The Rain”. “Esse disco foi um divisor de águas não só para o Whitesnake, como para todos os conceitos até então estabelecidos”, analisou Marco Ackua (Ackuaband e Polivox). “O som de guitarra de Sykes foi um soco no olho, além dos solos serem maravilhosos. A gravação foi meio embaralhada pelo excesso de reverbs e delays, mas acabou se tornando referência”, acrescentou o vocalista, que também tem um tributo ao Whitesnakem chamado Coverd(E)le e integrou bandas como Knock Out, Big Balls e Poncio Pilatus.

No entanto, o vocalista David Coverdale acabou demitindo John Sykes, Neil Murray (baixo) e Aynsley Dunbar (bateria) durante e depois do processo. Para os postos vagos, chamou os não menos experientes guitarristas Adrian Vandenberg (ex-Teaser e Vandenberg) e Vivian Campbell (ex-Dio), o baixista Rudy Sarzo (ex-Quiet Riot e Ozzy) e o baterista Tommy Aldridge que, coincidentemente, havia sido um dos candidatos para o posto ocupado antes por Dunbar. Vandenberg, inclusive, entrou como convidado para finalizar as linhas de guitarra em “1987”. Outros participantes adicionais foram Don Airey, hoje no Deep Purple, e Bill Cuomo, responsáveis pelos teclados.

Capa original de "Whitesnake"
Capa original de "Whitesnake"
Single "Is This Love"
Single "Is This Love"

O vocalista Marco Ackua ainda atenta para o fato de que “muitos puristas não gostaram pelo fato de ser comercial demais, pela mudança de vestimentas, pela cor do cabelo loiro, por ser mais ‘poser'”. Apesar disso, diz que “a fórmula, muito bem sacada, ainda cola nos dias de hoje” e recorda que “os clipes de ‘Here I Go Again’, ‘Still of the Night’ e ‘Is This Love’ apresentaram Tawny Kitaen para o mundo e trouxe muitas mulheres para a cena hard rock.”

A “galáctica” formação com David Coverdale, John Sykes, Neil Murray e Aynsley Dunbar se encerrou com este trabalho, produzido por Mike Stone e Keith Olsen. Porém, não só o objetivo inicial foi atingido, como teve uma repercussão tão grande nos EUA, que acabou fazendo “Slide It In” mudar seu status de Disco de Ouro para Platina Dupla. “Em meio a vários problemas internos, com troca de seus participantes e problemas de saúde de Mel Galley e Coverdale, o álbum catapultou o Whitesnake no mainstream. Abandonando um pouco o R&B de suas origens, com um som melodioso, mas pesado e voltado ao hard/heavy, que caiu no agrado de toda a geração dos anos 80”, enfatizou Paulinho Heavy. “‘Whitesnake’, ou ‘1987’, é um marco na história do hard rock, uma obra prima! David Coverdale cantando como nunca, solos incríveis e as composições são um absurdo. Um álbum perfeito!”, concluiu BJ, vocalista e multi-instrumentista que integra as bandas SOTO, Danger Angel e Tempestt.

David Coverdale | Foto: Ash Newell
David Coverdale | Foto: Ash Newell
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