“Pumpkins United Tour” leva uma multidão ao Espaço das Américas para realizar sonho antigo

Andi Deris e Michael Kiske | Foto: Edu Lawless
Andi Deris e Michael Kiske | Foto: Edu Lawless

A história de como começamos a ouvir e gostar muito de rock é bem similar: sempre tem um amigo mais velho, um tio, um primo, um vizinho ou algum acontecimento que acende o pavio. Normalmente, é assim que se conhecem as bandas clássicas: Led Zeppelin, Deep Purple, Black Sabbath, Kiss, Ramones, Motörhead, AC/DC etc. Depois, se a pessoa gosta mesmo, começa a pesquisar mais a fundo e acaba conhecendo bandas um pouco mais underground e é aí que se chega ao “ponto sem volta” (no melhor dos sentidos): vai gostar até o fim da vida! Para muita gente entre os 35 e 45 anos de idade, o grupo que marcou a chegada a esse ponto foi o Helloween, especialmente no Brasil. Muito por causa da sonoridade dos hoje clássicos “Keeper of the Seven Keys” partes 1 e 2, com andamentos rápidos, além melodias e fraseados de guitarra que lembravam o Iron Maiden e um vocalista que se chamava Michael Kiske. Este, com timbre e alcance espetaculares, diferentemente de seu antecessor, o guitarrista Kai Hansen.

Acontece que lá pelo início dos anos 1990 – quando ainda era uma raridade ter shows no Brasil, quanto mais ter na quantidade que se tem hoje – o tal vocalista saiu de uma forma que parecia que nunca mais ia voltar. O Helloween seguiu, o vocalista substituto (Andi Deris) foi bem aceito pelos fãs, a banda tocou “n” vezes no Brasil e tudo estava certo. De repente, veio o anúncio de que a banda faria uma turnê com Kai Hansen, guitarrista e vocalista no EP de estreia homônimo e no primeiro álbum, “Walls of Jericho”, e fundador do Gamma Ray, e ninguém menos que… Michael Kiske! Ele dividiria os vocais com Andi Deris e haveria a presença de Michael Weikath e Sascha Gerstner (guitarras), Markus Grosskopf (baixo) e Daniel Löble (bateria). A comoção foi absurda. Assim que as datas no Brasil foram anunciadas, em outubro do ano passado, todos os ingressos foram vendidos para as duas noites em questão de horas. Não é à toa que os alemães resolveram gravar o DVD da turnê por aqui. E foi com esse clima de um sonho que começava a ser realizado que os fãs locupletaram o Espaço das Américas para a primeira das apresentações, no sábado, dia 28 de outubro.

Sascha Gerstner, Kai Hansen e Michael Weikath | Foto: Edu Lawless
Sascha Gerstner, Kai Hansen e Michael Weikath | Foto: Edu Lawless

Após a introdução, com “Let Me Entertain You” de Robbie Williams, a banda e os dois vocalistas entraram no palco com “Halloween”, faixa do “Keeper I” e que tinha um clipe de uma versão editada que passava muito no extinto “Fúria Metal” da MTV, por isso muito conhecida por aqui. O refrão foi cantado em uníssono pelos empolgados presentes. No telão, algumas imagens ligadas ao tema, inclusive do clássico “Nosferatu” (1922) do diretor alemão F.W. Murnau.

Seguiram com a divertida “Dr. Stein” (e não teve como não pensar no clássico EP “Live In The UK”), com um desenho até que divertido no telão. Nas duas primeiras, os vocais foram divididos entre Kiske e Deris, mas a partir da acelerada e trintona “I’m Alive”, eles começaram a revezar. Enquanto revezavam, o telão falhava. Falhou tanto que chegou uma hora que parou de funcionar totalmente e assim ficou até o fim do show.

Deris assumiu os vocais em “If I Could Fly” e “Are You Metal?”, passou a bola para Kiske na excelente “Rise and Fall” e voltou ao comando em “Waiting for the Thunder” e na boa “Perfect Gentleman”. Aí veio um dos momentos mais legais da noite, quando Kai Hansen assumiu os vocais para um medley matador das músicas do EP e do primeiro álbum. Assim, “Starlight”, “Ride the Sky”, “Judas” e “Heavy Metal is the Law” mostraram Hansen em forma e com um sorriso que não saiu de seu rosto durante todo set.

Kai Hansen | Foto: Edu Lawless
Kai Hansen | Foto: Edu Lawless

Outro momento marcante veio em seguida, com Deris e Kiske em um dueto na belíssima balada “Forever and One”. Kiske assumiu sozinho novamente para “A Tale That Wasn’t Right” e algo deve ser dito: ficou claro durante toda a apresentação que o público que lotava o local estava ali para vê-lo. Seu nome era cantado em vários momentos nos intervalos entre as músicas. Logo após, Deris cantou a eficiente “I Can” antes do solo de bateria de Daniel Löble. Kiske voltou com “A Little Time” e os dois dividiram as vozes na ótima “Why?”. Depois, apenas com Deris, vieram “Sole Survivor” e a hoje clássica “Power”, que quase levou o Espaço das Américas abaixo.

Os dois se juntaram novamente para “How Many Tears” e Kiske cantou sozinho a magnífica e rápida “Eagle Fly Free”. Houve um momento nessa música em que ele cantou abraçado a Kai Hansen de um lado e Michael Weikath de outro, uma cena que, para mim (e garanto que para muitos ali presentes), parecia surreal. A longa “Keeper of the Seven Keys” encerrou a primeira parte da apresentação com os dois vocalistas.

No bis, Hansen tocou a tradicional “Hall of the Mountain King” de Edvard Grieg, para emendar com “Future World”, cantada somente por Kiske, e já colar “I Want Out” com Andi e Michael. Foram 2h40 de show com um repertório muito bem escolhido. O fato de a fase de Deris ter mais músicas dos álbuns “Master of the Rings” (1994) e “The Time of the Oath” (1996) mostra como a banda tem consciência de onde estão suas melhores músicas e isso sempre merece elogios (alguém lembra do Manowar em 2008?). Uma daquelas noites que você acha que nunca vai acontecer, mas depois que acontece, não esquece jamais.

The Secret Society 300

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