Enquanto o The Kills apostou em algo mais moderno, fãs de todas as gerações cantaram os clássicos do Bon Jovi
Por: Thiago Rahal Mauro
Fotos: Ricardo Matsukawa | Mercury Concerts
O segundo dia do São Paulo Trip, com produção da Mercury Concerts, no Allianz Parque, contou com um dos nomes com mais hitmakers de toda a história: Bon Jovi. Mas também teve um dos sucessos da crítica especializada na atualidade, o The Kills, que voltaram ao país para tocar no Rock in Rio, São Paulo e Porto Alegre.
Após o show do Rock in Rio, realizado um dia antes de São Paulo, muito se comentou nas redes sociais sobre a qualidade da voz de Jon Bon Jovi. As pessoas, com certa dose de razão, reclamavam sobre a afinação e da pouca potência. Bon Jovi parece ter lido ou recebido informação sobre as críticas e mudou o repertório para o show de São Paulo, colocando mais hits e com uma sensível melhora em sua performance, se comparada à do Rio. Ainda assim, alguns detalhes precisam ser aperfeiçoados para que, no futuro, a qualidade continue intacta. Porém, tudo tem seu tempo e para uma banda que faz muitos shows na sequência, com mais de duas horas de duração, isso fica complicado.
Após uma breve introdução, o The Kills entrou no palco cerca de 15 minutos antes do previsto, conforme o horário divulgado pela produção, com a dançante e eletrônica “Heart of a Dog”, do mais recente álbum de estúdio, “Ash & Ice” (2016). De certa maneira, não parece ter sido uma boa escolha para se abrir um show do Bon Jovi, pois, apesar de ser uma boa canção, é meio paradona e deixou o público só na expectativa para pular e cantar. Caberia melhor no meio do show. A apresentação seguiu na linha mais eletrônica com “U.R.A. Fever” e voltou para uma pegada country rock com “Kissy Kissy”, animando mais o público.
Conhecidos no cenário underground dos clubes europeus e americanos, o The Kills estourou mundialmente em 2016, quando o sucesso do single “Doing to the Death” levou-o para turnês e festivais em todo o planeta. Ainda assim, eles já tinham uma carreira consolidada antes de estourar. Inspirados por nomes como Velvet Underground e Patti Smith, o estilo da dupla The Kills é original. Formado pela americana Alison Mosshart (vocal e guitarra) e o britânico Jamie ‘Hotel’ Hince (vocal, guitarra e bateria), o rock indie do The Kills chegou ao público no início dos anos 2000, com uma série de álbuns e EPs independentes.
Mesmo com toda essa história, o público estava ligando pouco ou quase nada para o The Kills, como se estivesse apenas rolando um som ambiente. Talvez uma escalação de um Tears for Fears, que tocou junto com o Bon Jovi no Rio, fosse mais acertada – uma pena que não aconteceu, mas isso faz parte do show business. Com um pequeno intervalo, finalmente chegou o momento mais esperado pelos fãs.
Adiantado de acordo com o cronograma inicial, o Bon Jovi entrou no palco às 21h20 com “This House Is Not for Sale”, faixa do último álbum de estúdio. Apesar de ser a melhor dele e ter um pouco de peso nas guitarras, não empolga tanto o público como os clássicos. Seria mais prudente iniciar com um clássico e, na sequência, colocar uma nova.
Hoje em dia, a banda é formada por Jon Bon Jovi (vocal), Phil X (guitarra), Hugh McDonald (baixo), Tico Torres (bateria) e David Bryan (teclados) – o grupo também conta com o apoio de Everett Bradley (percussão) e John Shanks (guitarra). Muitos fãs sentem falta da presença de Richie Sambora por conta de sua característica própria, técnica, e também de seu vocal, mas Phil X (ex-Triumph) tem feito bem o seu trabalho, além de estar realmente curtindo fazer parte da banda, sorrindo e brincando o tempo todo. Fora isso, todos os músicos cantam ao vivo, o que ajuda Jon nas partes mais complicadas das músicas.
“Raise Your Hands” apareceu na sequência e o Allianz Parque veio abaixo. No refrão, Jon Bon Jovi pediu que o público levantasse as mãos, o que deu um clima legal para o show, algo normal em apresentações da banda. A energia deu uma pequena caída com a nova “Knockout”, mas voltou com tudo com a dupla arrasa-quarteirão “You Give Love a Bad Name” e “Born to Be My Baby”. O público ganhou fôlego para pular e cantar o tempo todo nesta última, que remete à primeira passagem da banda por aqui na turnê de “New Jersey” (1988), quando se apresentou na segunda edição do Hollywood Rock, em janeiro de 1990.
Na sequência, duas que fizeram os fãs prestarem mais atenção nos arranjos do que cantar o tempo todo: “Lost Highway” e “Because We Can”. O repertório é muito bem pensado, tendo seus momentos de energia pura e de calmaria – neste aspecto, o Bon Jovi é mestre em alternar estes momentos. Com isso, “Lay Your Hands On Me” veio para alegrar ainda mais os fãs, especialmente porque nesta, em especial, Bon Jovi cantou muito bem.
O show seguiu com as surpresas da noite, já que houve uma mudança de repertório, que agradou os fãs, com a inclusão de “In These Arms”, “New Year’s Day” e “Blood Money”, que não estavam sendo apresentadas em shows no Brasil. Se o público estava ganho, em “Bed of Roses” o estádio veio abaixo. Nesta, em especial, Jon Bon Jovi chamou uma menina da plateia ao palco e dançou com ela, beijou-a e deixou muitas mulheres presentes com aquela “inveja branca”. Carismático, o vocalista estava muito feliz e, em certo momento, declarou que estava contente por estar em São Paulo novamente com o baterista Tico Torres na banda. Em seguida, “It’s My Life” foi cantada por todos e Phil X mostrou por que entrou na banda, com uma boa presença de palco e sua técnica apurada. Além dele, ao apresentar a banda, Jon fez questão de mencionar que o guitarrista John Shanks é o produtor da banda há 12 anos e o ajuda na criação das músicas.
“Someday I’ll Be Saturday Night” veio para, momentaneamente, acalmar o ânimo do público, mas a plena alegria voltou com a clássica “Wanted Dead or Alive”, em um show de sinergia com o telão e as luzes. A partir desse momento foi um clássico atrás do outro, com Bon Jovi fechando a primeira parte do set com “I’ll Sleep When I’m Dead”, “Have a Nice Day”, “Keep the Faith” e “Bad Medicine”, esta última com um coro sensacional da plateia.
Após a saída estratégica, a banda voltou para o bis com a mais pedida da noite e que não foi tocada no Rock in Rio: “Always”. Acabou sendo a mais cantada pelos fãs e os celulares piscando em todo o estádio deram um ar romântico. “Livin’ on a Prayer”, tocada com perfeição e relembrando versões antigas, devolveu a energia. Normalmente o show terminaria após esta faixa, inclusive a banda se despediu e agradeceu o público. Literalmente de surpresa, os músicos voltaram ao palco e tocaram a clássica “These Days”, que não estava no repertório. Uma grata surpresa para os fanáticos.
Agora, fora toda a discussão sobre se a banda Bon Jovi está num momento bom ou não, toda apresentação é sempre uma catarse. Fãs saem felizes pelos clássicos apresentados e os músicos realmente dão tudo de si no palco. Com 2h30 de show, quem pagou ingresso realmente saiu satisfeito. Se você ainda não viu um show do Bon Jovi alguma vez na vida, vale a pena dar uma chance, pois certamente alguma música você irá gostar. A voz pode não estar mais 100%, mas a relevância permanece.
SERVIÇO – SÃO PAULO TRIP:
Local: Allianz Parque
Avenida Francisco Matarazzo, 1705, Água Branca – São Paulo (SP)
Próximas atrações:
24 de setembro: Aerosmith e Def Leppard
26 de setembro: Guns N’Roses, Alice Cooper e Tyler Bryant & The Shakedown
Vendas pela Internet: www.ingressorapido.com.br
Ponto de venda sem taxa de conveniência:
Bilheteria Oficial no Teatro Tuca: Rua Monte Alegre, 1024 – Perdizes.
Horário de Funcionamento: Terça a sábado das 14h às 19h e domingo das 14h às 18h (em dia de espetáculos até o início do mesmo)
Classificação Etária: 14 anos
Menores de 14 permitidos apenas acompanhados dos pais ou responsável legal.
Site relacionado: www.saopaulotrip.com.br