Próxima de completar 40 anos, banda inglesa não mostra sinal de cansaço
Uma carreira musical sólida é como uma prova de resistência, não de velocidade. Não adianta começar com tudo, se depois de cinco anos ela tiver acabado. Um dos melhores exemplos disso é o Saxon, que surgiu em meados da década de 70 e se tornou um dos principais nomes da New Wave of British Heavy Metal. Passou por um momento de transição, quando se voltou ao hard rock para tentar a sorte no mercado americano, mas depois, mesmo no período de baixa do metal nos anos 90, se manteve firme. Assim, a banda inglesa ganhou não só a admiração e o respeito dos fãs, como conseguiu se manter relevante. É por isso que hoje o grupo se encontra mais prolífico do que nunca, lançando álbuns praticamente a cada dois anos. Para falar sobre isso e ainda sobre biografias, Lemmy, a atual turnê ao lado de Judas Priest e Black Star Riders e, claro, do novo álbum, “Thunderbolt”, batemos um papo com o vocalista Biff Byford.
O Saxon existe desde 1977, então vocês estão na estrada há 41 anos!
Biff Byford: Bem, na verdade a banda Saxon começou em 1979, porque foi aí que mudamos nosso nome. Havia outra banda em 77, mas não era o Saxon (N.T.: Biff se refere ao Son of a Bitch), logo, nosso aniversário de 40 anos é no ano que vem. Só para deixar as coisas claras.
Algum plano para o 40º aniversário?
Byford: Sim, temos alguns, mas não posso falar (risos).
Foi bem divertido escrever o livro. Era um período de transição para nós, tendo que nos recuperar dos anos 90. Foi uma luta dura e sofrida para recuperarmos nosso crédito” – Biff Byford
Em seu livro “Never Surrender”, de 2007, você fala sobre a decepção e dos altos e baixos de uma carreira musical bem sucedida. Como chegou a esse ponto e quais foram os sacrifícios que tiveram que fazer para manter a banda na ativa por tanto tempo?
Byford: Eu me casei muito jovem e tive dois filhos. Acho que o fim desse relacionamento foi um sacrifício, porque ela me deixou. Há sempre um ying yang. Mas é assim que as coisas são. Quando se tem 18, 19 anos é uma época estranha para seu cérebro reconhecer onde está se metendo. Eu sinto muito por isso, mas, olhando por outro lado, eu não sinto. Continuamos amigos, aquilo foi só algo que eu tinha que fazer.
Você olha para o livro como um grande feito? Houve algum impacto emocional?
Byford: Foi alguém que me pediu para escrever um livro que seria sobre o Saxon. Mas os outros integrantes não estavam interessados, não sei o porquê. Logo, isso virou uma autobiografia.
Uma das boas.
Byford: Ela é bem legal. Há algumas coisas que não coloquei, porque são pessoais, além de revelações sobre outras pessoas. Não sou um dedo-duro, se é que me entende. Foi bem divertido escrever o livro. Era um período de transição para nós, tendo que nos recuperar após os anos 90. Foi uma luta dura e sofrida para recuperarmos nosso crédito depois desse período turvo. Acho que foi assim para todas as bandas. Rob (Halford) saiu do Judas, Bruce (Dickinson) saiu do Maiden, nós tivemos algumas mudanças. Uma época difícil, mas os fãs nos mantiveram indo em frente e essa é a razão de eu ter escrito o livro.
Antes de entrarmos no novo álbum, “Thunderbolt”, você se vê escrevendo uma segunda parte do livro ou um adendo? Já se passaram 11 anos e vocês provavelmente irão continuar por mais tempo…
Byford: Dois jornalistas ingleses dos velhos tempos nos pediram para escrever outro livro: Geoff Barton e Mick Wall. Então, pode ser que façamos outro. O Saxon voltou a ser bem popular. Acho que sucesso traz mais sucesso. Quando não se está por cima, ninguém quer saber de você, mas quando volta, todo mundo vem atrás. É a natureza do mundo do entretenimento. Mas você não deve desistir. Enfim, provavelmente faremos outro livro porque nos pediram. Não sei se será meu ou da banda, isso depende dos outros caras. Se quiserem participar, ótimo. Não sei, pode ser que não queiram que os outros saibam a história deles.
É fácil para músicos mais velhos, incluindo a gente, só sentar e tocar licks simples de blues ou “Denim and Leather” de trás pra frente. Mas não sou assim” – Biff Byford
Falemos sobre “Thunderbolt” que, aliás, é um grande álbum. Andy Sneap é um produtor que entende do riscado. Quando se ouve o que ele fez com Accept, Judas Priest e vocês, ele acertou em todas. O que Andy tem que o faz entender tão bem as bandas?
Byford: Acho que, em primeiro lugar, Andy é um grande fã dos anos 80. Ele adora essa era e, se não me engano, o Judas é a banda favorita dele.
E agora está tocando com eles!
Byford: Pois é, sorte dele. Engraçado como as coisas acontecem. Enfim, ele sabe o que eu quero e nós trabalhamos muito próximos. Já passei bastante tempo com ele. Coproduzi o álbum anterior, “Battering Ram”, ele mixou “Sacrifice” (N.T.: antepenúltimo álbum, lançado em 2013) e fez várias coisas ao vivo para nós durante esses anos. Assim, pude deixá-lo produzir esse sozinho porque confiei nele e em seu julgamento. Acho que no caso do Judas (“Firepower”), ele coproduziu. O álbum foi produzido por Tom Allon. Mas o nosso foi ele mesmo. Passamos muito tempo juntos, mas ele produziu. Foi bom porque pude passar mais tempo trabalhando meus vocais, os arranjos e as melodias. Nos comunicamos bem, ele é parte da família.
Nesse estágio da carreira, vocês poderiam facilmente usar só o nome e os shows estariam cheios porque as pessoas sabem o que a banda é, mas o que o força a fazer novos álbuns quando poderiam tocar só os hits?
Byford: É, eu não vou por esse caminho do Twisted Sister, não sou esse tipo de pessoa. Nada contra eles, adoro a banda. Mas não compõem novas músicas, só tocam os hits.
Sim, vocês poderiam fazer isso e os fãs iam adorar.
Byford: Iriam, mas por que fazer isso? Iria significar que sou um músico só por meio-período. Acho que compor novas músicas mantém a banda relevante. E minha filosofia ao compor é que tudo deve forçar os limites. Não ser previsível. É fácil para músicos mais velhos, incluindo a gente, só sentar e tocar licks simples de blues ou “Denim and Leather” de trás pra frente. Mas não sou assim, eu me esforço bastante e faço os caras se esforçarem também.
Quando me perguntam o conceito de algum disco do Saxon, sempre respondo que não há um. O conceito é conseguir o maior número de grandes músicas e ver se nossos fãs gostam” – Biff Byford
Fale sobre o processo de composição, porque, à medida que envelhecemos, temos influências diferentes, mais experiências de vida. Você ainda segue uma fórmula ou tenta sempre inovar? Como ela progrediu desde o início?
Byford: Com alguma sorte, você encontra uma fórmula em algum lugar, mas ainda não encontrei uma. A nossa é um grande riff de guitarra e melodia, o que é muito importante…
Esteve em falta nos anos 90.
Byford: Um pouco. Acho que tentávamos manter a melodia viva mas.. Enfim, a melodia, letras interessantes e obviamente uma musicalidade fantástica. É isso. Se alguém me manda ideias, só uso as que me inspiram. Infelizmente, há várias ideias que não usamos (risos).
Você parece ter excesso de ideias, já que ultimamente tem falado sobre um álbum solo. Por que não colocar essas músicas em uma pilha para o Saxon e só esperar até o próximo álbum?
Byford: Eu fiz isso. “Roadie’s Song” (N.T.: faixa do novo álbum) era para meu álbum solo. Eu troco as músicas o tempo todo. Aliás, originalmente, “They Played Rock and Roll” também. E tenho algumas que eu e “Nibbs” (N.T.: Timothy “Nibbs” Carter, baixista) compusemos para o Saxon, mas que não achei que se encaixavam e podem acabar em meu álbum solo.
Musicalmente, qual será a diferença de seu álbum solo para um do Saxon? Será mais experimental, terá um estilo totalmente diferente, será heavy metal com Biff?
Byford: Acho que não. Já fazemos isso com o Saxon. Será mais rock’n’roll, mais classic rock. Tenho sete músicas e são bem diversificadas. Teremos que esperar para ver. Componho músicas individualmente, não componho um álbum. Quando me perguntam qual o conceito por trás de algum disco do Saxon, sempre respondo que não há um. O conceito é conseguir o maior número de grandes músicas possível e ver se nossos fãs gostam.
Quero deixar as músicas prontas e daí ver quem quer trabalhar comigo. Devo ter um baixista alemão, apesar de eu mesmo tocar baixo e ainda ter meu Rickenbacker” – Biff Byford
Há um prazo para o álbum solo? Algo como ter que estar pronto para o natal desse ano?
Byford: (risos) Estou compondo na estrada. Sozinho ou com o Nibbs. Em maio encerramos aqui na América do Norte e vamos tirar duas semanas de folga antes de começar de novo. Então, quero aproveitar esse tempo. É a composição que demora, não a gravação. Para gravar é rapidinho.
Especialmente hoje em dia.
Byford: Sim, e há vários produtores que querem trabalhar comigo e estúdios que me dariam horários de graça.
Será um álbum só com você ou haverá vários convidados especiais? Sei que participou de um show do Metallica há alguns anos atrás (N.T.: no show em comemoração aos 30 anos da banda, em São Francisco em 2011) e tocou “Motorcycle Man”.
Byford: Vou convidar várias pessoas. É tão fácil para um guitarrista participar. Ele só vem faz um solo característico e está pronto. Posso fazer uns duetos também, é o mesmo princípio. Veremos. Quero deixar as músicas prontas e daí ver quem quer trabalhar comigo. Devo ter um baixista alemão, apesar de eu mesmo tocar baixo e ainda ter meu Rickenbacker.
Vamos falar rapidamente sobre o Metallica. Eles respeitam muito o seu trabalho. O que pode falar sobre eles e como foi para você subir ao palco e tocar “Motorcycle Man”? Qual seu relacionamento com eles?
Byford: Nós os conhecemos em 1981, quando fizemos um show no Whisky A Go-Go, em Los Angeles. E aí nós brigamos por algum motivo idiota, como sempre nesses casos, e não tivemos mais contato. Eles seguiram o caminho deles e nós, o nosso. Só que eles atingiram a estratosfera. Eu adoro Metallica. Sempre gostei do som deles. Naquela época algum de nossos roadies os irritou por algum motivo. Como disse, uma coisa besta. Mas somos amigos agora desde o meu livro. Lars e os outros leram e eu conto lá que não sabíamos na época que eles tinham se irritado. Disse, inclusive, que se hoje quisessem usar nosso ventilador de palco, podiam usar a hora que quisessem (risos) (N.T.: Byford se refere ao fato de que os roadies do Saxon proibiram o Metallica de usar o ventilador para evitar que seu equipamento superaquecesse nesse show, argumentado que ele era de uso exclusivo do vocalista). Enfim, eles nos assistiram no Rock Am Ring na Alemanha, em 2008, quando tocamos juntos e somos amigos desde então.
Pode-se dizer que seu livro é muito sincero.
Byford: Sim, ele é. Não escondi nada, embora umas partes mais explícitas tenham sido editadas. Talvez as inclua na parte 2.
Sou da escola de rock do Lemmy. Acho que se deve continuar até cair de vez. Mas vamos ver. Minha voz ainda está forte, o Saxon ainda está em forma” – Biff Byford
Muitas bandas anunciaram turnês de despedida, de Elton John a Lynyrd Skynyrd. Vocês não fizeram isso. Conversei com Frank Banali do Quiet Riot sobre esse assunto e ele acha que estamos entrando nos últimos cinco ou sete anos de classic rock e metal. Como você enxerga isso em relação ao Saxon? Se vê no Havaí só descansando embaixo de uns coqueiros?
Byford: Não, não exatamente. Sou da escola de rock do Lemmy. Acho que se deve continuar até cair de vez. Mas vamos ver. Minha voz ainda está forte, o Saxon ainda está em forma. Ainda conseguimos correr pelo palco, balançar a cabeça e gritar. Desde que ainda estejamos bem fisicamente, nem vamos pensar nisso. Sei que Glenn Tipton (guitarrista do Judas Priest) está com Parkinson agora, mas mesmo assim, eu o encontrei em um dos shows e está muito empolgado com o álbum e por poder tocar no bis algumas vezes. Assim como Lemmy, que fazia shows muito doente, só pelos fãs. E Glenn quer estar ali por eles também. Se vamos chegar a esse ponto, eu não sei.
Já que mencionou Lemmy, você o homenageou no novo álbum, com a música “They Played Rock N’Roll”. O que ele significava para você? O que ele tinha que o fazia tão especial e tão icônico?
Byford: Ele teve uma carreira fantástica, não? No início ele era só um garoto tentando a sorte e daí conseguiu uns trabalhos com Hendrix e o posto no Hawkwind. Era como um fio desencapado nessa época. Nós o conhecemos em 79 e sempre nos demos bem. Éramos como almas gêmeas, com o mesmo senso de humor e gosto por história. Costumávamos falar sobre várias coisas e dar presentes um ao outro. Alguém na Polônia me dava uma (pistola) Luger e eu dava para ele. Aí, alguém na Itália lhe dava uma adaga e ele dava para mim. Éramos muito próximos nessa época e nos mantivemos assim. Tínhamos um senso de humor malvado e ele sabia ser violento, se quisesse. Cheguei a vê-lo atirar pessoas para fora do camarim. Se alguém o desrespeitasse, tinha um pavio curto.
Vocês lançaram três álbuns nos últimos cinco anos: “Sacrifice” (2013), “Battering Ram” (2015) e “Thunderbolt” (2018). Qual a programação do Saxon em termos de gravação de álbuns? “Thunderbolt” terá uma turnê de dois anos?
Byford: Não. Faremos a turnê durante esse ano. Em termos de vendas tem sido brilhante, então não iremos deixar isso de lado. Não vamos fazer outro [histórico álbum de 1980] “Wheels of Steel” em quatro meses, logo continuaremos nele. O ano que vem é o nosso aniversário de 40 anos e isso vai colocar um freio na turnê.
Mesmo assim, é muito legal ter uma banda com uma carreira tão longa soltar álbuns com essa frequência. A maioria delas, quando chega a esse ponto, é um a cada três ou cinco anos.
Byford: Já começamos a pensar no próximo. Estamos separando algumas ideias para títulos.
E a turnê com o Judas Priest? Como tem sido até agora para vocês? Porque é uma escalação sensacional com vocês e o Black Star Riders. É um sonho de fã que se realiza, para ser sincero.
Byford: É um ótimo pacote para os fãs, sem dúvida. Temos conversado sobre isso com o management do Judas Priest há três ou quatro anos para falar a verdade. Fazer um pacote britânico. Aí, quando eles tiveram a oportunidade de uma turnê, nos convidaram. Tenho que dar crédito a eles. Poderiam ter convidado quem quisessem, as bandas pagariam um bom dinheiro para estar nessa turnê, pode acreditar. Mas nos escolheram. A segunda turnê que fizemos na nossa carreira foi com o Judas em 1980. Temos uma longa história com eles. Participamos de muitos programas de TV juntos, como o [lendário programa da TV inglesa], Top of The Pops. Logo, nos encontrávamos o tempo inteiro. E essa é uma daquelas turnês que já está se tornando lendária, porque [o álbum do Judas] “Firepower” é ótimo, “Thunderbolt” também e ainda tem o Black Star Riders, que não é exatamente o mesmo estilo de música, mas ainda assim uma grande banda para se ver ao vivo.
Serviço: Saxon no Brasil
Banda convidada: Armored Dawn
Data: 3 de maio de 2018
Local: Tropical Butantã – www.tropicalbutanta.com.br
End: Av. Valdemar Ferreira, 93 (200m do Metrô Butantã)
Abertura da casa: 19h30
Evento FB: www.facebook.com/events/1191829920949267
Infoline: 11 3031-0393
Classificação etária: 16 anos. Entre 14-16 anos somente acompanhado por pai ou mãe munidos de documentos
Estacionamento: locais próximos sem convênio
Estrutura: ar-condicionado, acesso para deficientes, área para fumantes e enfermaria
SETORES/VALORES (1º lote)
– PISTA MEIA/PROMOCIONAL*: R$ 100,00
– PISTA VIP MEIA/PROMOCIONAL*: R$ 180,00
– CAMAROTE MEIA/PROMOCIONAL*: R$ 240,00
*O ingresso promocional antecipado é válido mediante a entrega de 1 kg de alimento não-perecível na entrada do evento.
# COMPRA PELA INTERNET – www.ticketbrasil.com.br
Formas de Pagamento: dinheiro, cartões de crédito e débito Visa, MasterCard, American Express e Diners Club
# PONTOS DE VENDA AUTORIZADOS: São Paulo, Santo André, São Caetano do Sul, São Bernardo do Campo, Barueri, Osasco, Sorocaba, S. João da Boa Vista, Rio Claro, Jundiaí e Campinas (www.ticketbrasil.com.br/ondecomprar)
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Transcrito e traduzido por Carlo Antico.