Porque algumas atitudes podem melhorar bastante a rotina
Você acorda de manhã, abre os olhos, e sente que não dormiu tanto quanto deveria. A vontade de ficar na cama é grande e sabe que, já que tem seu próprio trabalho como freelancer, pode escolher seus horários. Até porque trabalhou até bem tarde ontem. Daí, fecha os olhos, mas sua ansiedade faz olhar pro relógio no celular – e conferir seus e-mails, já que tá ali, né? – Você nota que dormiu menos do que dormiu ontem. “Ok… posso fechar os olhos”, diz levianamente a si mesmo. 10 minutos depois, você está fazendo seu café, e pensando na dor muscular que vai acontecer no seu pescoço. Quer tomar analgésicos e relaxantes, mas tem medo de tanta pílula, já que está ficando normal usar esse recurso. Reclamando, mas conformado, termina seu café da manhã, vai pro seu escritório e senta pra trabalhar. E encontra seu inimigo… A falta de criatividade, a página em branco. E o dia se torna uma frustração, que você sabe, lá na frente, torna-se a bola de neve nos seus horários acumulados.
Foi difícil para eu entender que isso não acontece só comigo. Trabalhar com home office não é fácil, especialmente porque quando você se livra de um “chefe” ou “patrão” se torna mais exigente que eles. Psicologicamente, é equipado a se aguentar – se não se aguenta, provavelmente está na hora de achar um bom terapeuta – mas a verdade é que há uma agressividade latente com nossas atitudes e pequenos erros, que custa a sanidade e o descanso, e logo, os resultados. Eu tenho uma verdadeira paixão pela arte, e quero que ela esteja estampada nos meus trabalhos, e mais que isso, minha vida realmente depende desses resultados. Fora que tomar remédios me faz sentir um escravo. Todos precisamos de sanidade, e na tentativa de preservar o que resta da de vocês, resolvi listar algumas coisas importantes que aprendi ao longo da minha jornada.
1 – Comece sendo gentil consigo
Ser gentil consigo é crucial. Quem teve o desprazer de ir num zoológico e ver um bicho há muito tempo preso, percebe na hora a sensação de falta de vida e depressão estampada nele. É uma comparação agressiva, mas quando você se maltrata dizendo que não fez o suficiente, ou que “devia ter feito melhor”, mesmo sabendo que deu tudo o que tinha, é quase como estar em um relacionamento abusivo consigo. Quem faz isso não precisa de inimigo. E infelizmente, hoje em dia, com a exigência de maestria e velocidade, é um comportamento cada vez mais comum. Seja gentil. Você sabe dizer se fez o melhor que pôde. Se achar que pode melhorar, tem uma máquina de resolver problemas ultra avançada guardada num receptáculo seguro e bem equipado. Chama-se cérebro.
2 – CONHEÇA o seu cérebro
Ele é feito para resolver problemas. Você não precisa realmente de um app pra resolver coisas complicadas. Seu cérebro armazena não somente informações, mas tem um número ilimitado de atualizações, e funciona como um músculo. Se o treina, ele fica rápido e eficaz – também não custa dinheiro, e raramente tem que levar pra arrumar.
Conhecer como ele funciona, é muito bom. Preste atenção nos acontecimentos do dia e situações, e como reage a eles. Saiba dizer os sentimentos que tem – parece fácil e óbvio, mas tente. Tem coisa que dá nó no cérebro; e coisa que vai assustar.
Faça testes. Experimente ver quais horários são melhores para trabalhar com criatividade, quando você é mais articulado, que tipo de rituais ajudam com o resultado que procura – eu, por exemplo, faço um sketch pessoal antes de começar o dia. Meu cérebro se configura pra resolver ilustrações com mais suavidade. Tente ver como reage se passar um dia sem café. Conheça realmente quando seu trabalho sai melhor. E assim por diante.
3 – Respeite seu corpo
Você pode falar o que quiser quanto às noites viradas e dar discursos sobre a dificuldade que é, com aquela pontada de orgulho de se sentir um stormtrooper esforçado – ainda vai acertar um tiro e deixar Lord Vader feliz -, mas a verdade, é que com o tempo, sua saúde vai cobrar o preço. Seja gentil com seu corpo. Faça exercícios. Se não gosta, procure algo que goste. Seu corpo foi feito pra isso. Lembra do item 2? Use seu cérebro. Ensine-o a adaptar-se. Faça alongamentos e dê pausas. Você não é uma máquina.
4 – Aprenda coisas novas (mesmo que não diretamente relacionadas ao seu trabalho)
Li uma vez numa pesquisa, que apenas 14% da população brasileira estuda após sair da faculdade. Seja essa minoria. Use seu espírito aventureiro e rebelde. Você não precisa viver só a realidade do seu trabalho. Entender coisas diferentes te torna mais versátil – e ajuda em algumas situações de pesquisa mais longas, e até garante trabalhos inesperados. E o melhor: aprendendo algo, você não esquece. Lembra do item 2?
5 – Aprenda sobre o ócio produtivo
Trabalhar bastante é importante enquanto constrói sua carreira, mas não adianta passar 3 dias trabalhando feito um maluco, e ter mais 2 dias da semana – ou 3, ou 4 – sentado pensando BRAINNNNNNNSSSSSSSSS na frente da tela do computador. Pegue um tempo pra descansar, procurar outras coisas pra fazer, aprender novos ofícios, ler um livro. DESLIGAR da tarefa. Não vale jogar “Dark Souls”, isso estressa.
6 – Conheça gente melhor que você
Por uma questão pessoal, acho que humildade é algo que deve ser cultivado. Não é se achar ruim, é saber quem realmente é bom. E isso além de aumentar sempre a idéia que você tem que melhorar – quem ficou ansioso, releia o item 1 – lhe dá soluções. Odeio a idéia que não-sei-quem falou que artista copia, ou rouba. A questão é que você, quando faz um trabalho, está resolvendo um quebra-cabeças. E quando olha o trabalho de outras pessoas, está vendo outras soluções. Não importa se absorve aquela solução; importa ser criativo o suficiente para saber como aplicá-la. Sem falar que isso é um grande gerador de criatividade. Há ideias que geram ideias, e conhecer mais gente fora do seu mundo, só te faz mais forte.
7 – Saiba por quê está fazendo aquilo
Deixei por último, este ítem, porque meu sadismo gosta de deixar as pessoas em parafuso. Brincadeira, a realidade é que boa parte das pessoas procura algo pensando numa solução lógica, como o dinheiro ou o “sucesso”. Não importa realmente se ganha bem ou mal, ou se sua chefe é uma pessoa maravilhosa ou a criatura mais complicada do mundo. Se você não tem objetivos, vai ser difícil subir na carreira ou mesmo se satisfazer com o que faz mais do que em algumas situações. É muito importante saber de onde vem o desejo de fazer as coisas. Porque isso não só ajuda a passar por situações difíceis, mas a tirar o melhor delas.
Pode ser que eu não consiga expressar a importância deste último item, mas vou tentar. Quando você não sabe por quê está fazendo algo, é como entrar numa guerra sem saber pelo quê está lutando. Muitas vezes, sou recebido com perguntas relacionadas a melhor desempenho pessoal, buscas internas e gente que não sabe como vencer a preguiça de pensar e agir, ou mesmo se propor a fazer mudanças para melhorar, ou até preparar-se psicologicamente para situações difíceis, como um chefe carrasco ou uma dívida. É um sentimento clássico de não saber para onde ir. E quando sabe por quê começou, e onde você quer ir, as dificuldades não mudam, mas a força para lidar com isso, sim. É muito mais fácil lidar com um chefe babaca e explorador, quando olha para dentro e diz “estou passando por isso para aprender a lidar com um sujeito assim”, “preciso deste emprego para pagar minha educação e um dia ter minha autonomia”. Quando a maioria das pessoas tem medo de fazer as coisas, geralmente há uma resposta neste pensamento, para isso. O medo está aí porque ele faz parte de você. Não é algo a ser erradicado, mas compreendido. Então, é imprescindível. Saiba por quê entrou nessa estrada.
Tudo o que faz com sua vida tem significado. Às vezes a gente tem que olhar pra trás pra entendê-lo, mas não necessariamente o significado tem que vir de fora. Você dar significado para sua vida é muito mais forte do que deixá-la acontecer. E lidar com o inesperado ganha um novo sabor. O sabor da aventura!