Guitarrista, filho de Branco Mello dos Titãs, também toca baixo na banda Tales From The Porn
Criado em 2011, o grupo paulistano Sioux 66 traz em sua bagagem o EP “Sioux 66” (2012) e os álbuns “Diante do Inferno” (2013) e “Caos” (2016), trabalhos que o colocaram em uma posição de destaque no rock pesado nacional. Agora, passando por uma reformulação, Igor Godoi (vocal), Bento Mello e Yohan Kisser (guitarras), Fabio Bonnies (baixo) e Gabriel Haddad (bateria) iniciam uma nova fase. O primeiro fruto é o single/clipe “A Hora é Essa”, que traz uma nova abordagem para a sonoridade, antes baseada no hard rock e metal. Neste papo com Bento Mello, o guitarrista fala sobre a nova fase, a mudança de formação e o fato de estar em uma formação que traz dois filhos de pais famosos no meio do rock brasileiro e mundial.
O novo single, “A Hora é Essa”, mostra mais uma faceta da musicalidade da banda, agora sem o peso do metal, mas com referências na música country, algo que bandas como Bon Jovi e Cinderella utilizaram em diversos momentos de suas carreiras. Isto é algo que será mantido nos trabalhos futuros? A banda mudará a linha musical?
Bento Mello: A ideia nesse momento é não se prender a uma fórmula ou a um conceito. Antes de qualquer coisa, somos uma banda de rock com diversas influências e, nesse momento, quisemos mostrar mais uma. E ficamos muito felizes com o resultado! A princípio, não temos a intenção de fazer um novo disco nos próximos tempos, pois vamos trabalhar com formatos mais simples como nesse single. Acredito que isso nos permite a trabalhar sem ficarmos presos a conceitos. Assim, quando sentarmos novamente para compor, vamos fazer de acordo com que sentirmos no momento.
A ideia era a mostrar pessoas de diversos perfis curtindo o som, que é o que pensamos desde o início da proposta desse trabalho. Estamos sempre tentando expandir nosso público” – Bento Mello
A produção do novo single ficou a cargo de Adriano Daga, baterista da banda Malta, que havia trabalhado com vocês no primeiro álbum, “Diante do Inferno” (2013). Como foi voltar a trabalhar com ele? Vocês chegaram com a música finalizada ou ele deu algumas sugestões?
Bento: Foi sensacional! Além de produtor ele é um grande amigo nosso, então o clima foi de muito alto astral o tempo todo. Começamos esse trabalho do zero juntos, o que foi uma experiência nova porque sempre chegamos para gravar já com as músicas prontas e arrumamos apenas detalhes no estúdio. Como dessa vez optamos por fazer um trabalho que fosse diferente e mudamos até nosso processo composição. Definimos a direção juntos, e a partir daí compusemos com ele meio que supervisionando no estúdio. Ficamos muito felizes com o resultado e com todo o processo.
Ao contrário do clipe de “Porcos”, que contou com a participação de Ariel Invasor, vocalista do Invasores de Cérebros, vocês recrutaram fãs e amigos da banda para as cenas do clipe de “A Hora é Essa”? Como foi a concepção do roteiro deste vídeo?
Bento: A ideia básica era a de mostrar pessoas de diversos perfis curtindo o som, que é o que pensamos desde o início da proposta desse trabalho. Estamos sempre tentando expandir nosso público e acreditamos que nesse momento com esse trabalho podemos fazer com que pessoas que não são familiarizadas com a banda cheguem até nós, e isso já está acontecendo.
“A Hora é Essa” também marcou a saída do guitarrista Mika Jaxx. Como vocês receberam a notícia da saída dele e como encontraram Yohan Kisser para substituí-lo no Sioux 66?
Bento: Foi um processo natural. Ele passou a ter outras prioridades na vida, e quando estávamos planejando o lançamento ficou evidente que isso poderia prejudicar esse trabalho, e então optamos todos juntos pela mudança naquele momento. Algumas semanas antes eu encontrei o Yohan num bar e conversamos sobre vários assuntos e acabamos falando de fazer um som juntos. Quando nos vimos procurando um guitarrista foi o primeiro nome sugerido. Nos falamos, marcamos o teste, e ele simplesmente detonou.
As aberturas têm uma repercussão muito grande na imprensa e no show business também, e esses shows tiveram críticas muito positivas” – Bento Mello
O guitarrista Yohan Kisser tem um estilo mais puxado para o rock dos anos 70, mas vocês trabalham mais para o lado do hard rock dos anos 80 e 90, além da herança do punk rock. Já começaram a compor algo para sentir como vai ficar essa mescla de influências?
Bento: Eu acho que essa ‘escola’ diferente dele vai agregar muito para o som da banda. Nas músicas do nosso repertório isso já é perceptível e estamos muito empolgados com a maneira que estamos soando. Yohan é um guitarrista muito versátil e que está trabalhando em cima de suas próprias características. Desde o teste demos liberdade pra ele colocar sua assinatura nas nossas músicas e a maneira como ele fez isso foi incrível. Quando o Mika saiu uma das primeiras questões levantas foi a de se queríamos um cara com as mesmas características dele ou se iríamos por outra direção e decidimos por trazer algo diferente. Ainda não começamos a compor, isso deve ocorrer em breve, mas pela química que está rolando tenho certeza que o trabalho será sensacional.
Com o segundo álbum, “Caos” (2016), vocês conseguiram fazer shows grandes, abrindo para uma de suas grandes influências, Aerosmith, e também para o Papa Roach. Como foram estas experiências? Isto mudou o panorama e a visão do Sioux 66 para a sequência da carreira?
Bento: Foram experiências marcantes, muito boas e que nos ensinaram muito. Acho que esse aprendizado é o mais importante, nos cercamos de um pessoal muito experiente nesse período e foi nítida a evolução da banda durante aqueles meses. As aberturas têm uma repercussão muito grande na imprensa e no show business também, e esses shows tiveram críticas muito positivas. Somando isso ao fato dos discos também terem tido uma ótima repercussão, acredito que a banda subiu um degrau naquele momento, mas não diria que mudamos nossa visão porque estamos o tempo todo tentando melhorar e crescer. Essa visão fez a gente subir aquele degrau e essa visão que pode nos fazer crescer mais e mais.
O álbum “Caos” e o novo single foram lançados pela Sony Music Brasil. Que tipo de trabalho vocês fazem com a gravadora?
Bento: Basicamente eles fazem a distribuição digital e juntos traçamos as estratégias de lançamentos e coisas do tipo. Importante dizer que isso não tem nenhuma influência no som que fazemos.
Com certeza teremos mais músicas inéditas do Sioux 66 esse ano. Em agosto já devemos começar a trabalhar nisso com os formatos mais simples como singles e EPs.” – Bento Mello
O Siuox 66 agora conta com você e Yohan Kisser, filhos de músicos brasileiros de rock famosos. Ainda assim, mesmo que Branco Mello (Titãs) tenha dirigido o videoclipe de “Outro Lado”, vocês não usam isso para promover o Sioux 66. Trabalhar pelas próprias pernas e obter êxito pelo esforço próprio é o caminho a seguir ou pretendem usar a influência dos pais famosos em algum momento?
Bento: Por mais que muita gente pense o contrário, não existe a chance de a banda não se esforçar e fazer o próprio trabalho. Se o trabalho não for consistente e bem feito, simplesmente ninguém no show business vai ligar para o que estamos fazendo.
Curiosamente, o pai de Yohan, Andreas Kisser, fez uma participação especial na música “Uma Só Vez”, que saiu no primeiro álbum, “Diante do Inferno”. Existe a possibilidade de pai e filho tocarem juntos em algum show do Sioux 66?
Bento: Nesse momento nem cogitamos isso, mas é possível que ocorra em algum momento futuro, assim como meu pai já participou de um show nosso em 2013. Porém, definitivamente não é algo que estamos pensando.
Vocês chegaram a gravar algumas versões ao longo da carreira, desde “Girl With Golden Eyes” do Sixx:A.M. (“Tudo que o Tempo Esqueceu”) até “O Calibre”, dos Paralamas do Sucesso. Pensam em gravar alguma outra no futuro?
Bento: Com certeza. Chegamos a falar sobre isso recentemente e até levantamos algumas possibilidades. Mas com a mudança de formação no Sioux 66 e tudo mais que está rolando, a prioridade serão novas canções autorais.
Quais os planos do Sioux 66 para o restante de 2018? Haverá um novo álbum ou seguirão a nova tendência de singles e EPs?
Bento: Com certeza teremos mais músicas inéditas do Sioux 66 esse ano. Em agosto já devemos começar a trabalhar nisso. E sobre o formato de lançamento, como eu disse anteriormente, devemos trabalhar com os formatos mais simples como singles e EPs.