Grupo resgata a magia do hair metal e a cultura da década de 80 em seu álbum de estreia, “H.M.M.V”
Se você pensa que algum integrante do Tales From The Porn vai ficar irritado se ouvir que o trabalho de estreia soa datado, esqueça. Eles vão sentir orgulho de entrar no DeLorean DMC-12 e voltar aos anos 1980. Mais que isso, será uma comprovação de que a criação do guitarrista Andy Sun atingiu seu objetivo. Completado pelo americano Stevie Rachelle (vocal, Tuff), além dos brasileiros Bento Mello (baixo, também guitarrista do Sioux 66), Bruno Marx (guitarra, Baby Doll), Edgar Avian (bateria, Supla, Brothers Of Brazil, Estiletes) e Igor Godoi (teclado, violão e backing vocals, vocalista do Sioux 66), o grupo trabalhou para resgatar o melhor do hard rock em seu álbum de estreia, “H.M.M.V”, lançado no Brasil pela Animal Records. Conversamos com o baixista Bento Mello, que nos contou, entre outros assuntos, sobre o nome, que tem ligação com a série “Tales from the Crypt”.
Qual a conexão entre o seriado americano “Tales from the Crypt” (“Contos da Cripta”) e o nome da banda? Onde entra o pornô e o terror/suspense na temática de vocês, já que no álbum “H.M.M.V” constam as faixas “Scary Movie”, “Tales From The Porn”, “Girls Wanna Party (In Augusta Street)”?
Bento Mello: A conexão é total! É simplesmente a junção do nome da série com uma parte do outro trabalho do Andy (Sun), que é dono de uma empresa do ramo. E também a pornografia é parte importante dessa cultura dos anos 1980 que queremos no trabalho da banda.
Eu gostaria de ir até algum momento entre 87/88. 1987 é um ano mágico. A quantidade de discos clássicos que saíram ali é impressionante” – Bento Mello
A música “Danger Zone”, que vocês fizeram uma versão hard rock, foi composta por Giorgio Moroder, considerado o mago dos sintetizadores na fase da disco music, e virou hit nas mãos de Kenny Loggins em 1986. O quanto a inclusão dela no filme “Top Gun” ajudou-os na escolha para esta versão? Pretendem gravar algum outro tema de filme no futuro?
Bento: A ideia de fazer essa versão veio do Andy, que é um grande fã do filme e, obviamente, da cultura 80’s. Top Gun é um clássico do período e, novamente, digo que faz parte do queremos mostrar como banda, não apenas o hard/heavy oitentista, mas outras coisas características como os filmes. Danger Zone é uma música muito marcante. Mudamos pouca coisa no arranjo, mas acredito que conseguimos colocar uma assinatura nossa na versão. Eu gosto da ideia de fazer mais versões de clássicos dos anos 1980 de fora do hard/heavy. Quem sabe num próximo trabalho não possamos inserir outra trilha ou algum sucesso pop da época.
Existe alguma ligação da faixa de abertura do álbum, “Back To The 80’s”, com o filme “Back To The Future” (“De Volta para o Futuro”, 1985)? Por sinal, se vocês pudessem viajar no DeLorean DMC-12 para ver de novo a cena do glam metal, em qual ano e onde gostariam de parar?
Bento: Eu gostaria de ir até algum momento entre 87/88. 1987 é um ano mágico. A quantidade de discos clássicos que saíram ali é impressionante. Adoraria ver o Motlëy na tour do ‘Girls, Girls, Girls’ com abertura do GN’R lançando o ‘Appetite for Destruction’; o Def Leppard com Steve Clark no auge na tour de ‘Hysteria’ com abertura do Tesla; ou a tour Monsters Of Rock de 1988, com Kingdom Come, Metallica, Dokken, Scorpions e Van Halen.
Trabalhando num mundo digital, com tantos avanços tecnológicos, acreditam que foi mais difícil reviver a sonoridade dos anos 1980? Como foram os trabalhos nesse sentido ao lado do produtor Henrique Baboom? Se alguém disser que o som é datado, vocês vão mesmo encarar como elogio?
Bento: O Baboom é o maior especialista nesse tipo de música que temos no Brasil. Então, tirar o som que queríamos não chegou a ser um desafio para ele. Sobre o termo datado ser um elogio, é por aí mesmo, a intenção era essa desde o início. Queríamos simplesmente fazer um disco que soasse como se tivesse sido feito nos Estados Unidos em algum momento entre 1987 e 89. Então, se classificarem o disco como datado mostra que a nossa proposta foi captada.
O processo de composição foi parecido para todas as canções, o Andy trazia diversos riffs e trabalhamos em conjunto para mapear as músicas” – Bento Mello
Inicialmente vocês lançariam um EP, mas quando optaram por não lançá-lo e aumentar o repertório para ter um álbum completo?
Bento: Foi no início de 2016. Quando finalizamos as músicas que viriam a ser o EP e começamos a mostrar para algumas pessoas, percebemos que o trabalho tinha um grande potencial. E foi aí que o Carlos Chiaroni, da Animal Records, entrou em ação. Ele nos mostrou que se lançássemos um ‘full-length’ poderíamos alcançar uma repercussão muito maior, especialmente fora do Brasil. Então, decidimos por fazer novas músicas e lançar o álbum completo.
O grupo é uma criação do guitarrista Andy Sun, mas as composições estavam prontas quando Stevie Rachelle (vocal, Tuff), Edgar Avian (bateria, Supla, Brothers Of Brazil, Estiletes), Bento Mello (baixo, também guitarrista do Sioux 66), Bruno Marx (guitarra, Baby Doll) e Igor Godoi (teclado, violão e backing vocals, vocalista do Sioux 66) chegaram para completar a formação?
Bento: O projeto é capitaneado pelo Andy, ele já tinha diversos riffs que se transformaram em músicas há muitos anos. Começamos a pensar nesse projeto em 2011, me lembro de ouvir o riff de ‘Back To The 80’s’ nessa época. Mas só em 2014 quando o time foi de fato formado que começamos a tocar a história para frente. O processo de composição foi parecido para todas as canções, o Andy trazia diversos riffs e trabalhamos em conjunto para mapear as músicas. Então, antes do Tales From The Porn, eram apenas ideias, com a banda as músicas nasceram de fato.
O primeiro lançamento em vídeo foi o lyric de “Perfect Love”. Pretendem lançar um videoclipe oficial e mais lyric videos?
Bento: Sim. Possivelmente lançaremos mais um lyric video em 2017 e, com certeza, faremos um videoclipe no primeiro trimestre de 2018.
Já estamos preparando os shows. Ensaios a todo vapor. Em breve vamos anunciar as primeiras datas que devem ocorrer no primeiro trimestre de 2018″ – Bento Mello
No Brasil, o hard rock – na linha glam metal, hair metal – nunca vingou, mas muitos músicos e fãs apreciam o estilo. Acreditam que o Tales From The Porn é uma das poucas bandas que se orgulha em assumir esta postura, especialmente porque o álbum “H.M.M.V” transmite bem o que foi feito na década de 80, considerada mágica para o hard?
Bento: Somos poucos, mas o Tales From The Porn não é a única banda do estilo aqui no Brasil e especialmente em São Paulo. Mas penso que hoje somos a banda mais focada no que aconteceu nos anos 80. Gostamos de bandas novas do estilo, mas o foco total é no som característico da Sunset Strip clássica. E temos muito orgulho disso.
Com relação a shows, como o vocalista Stevie Rachelle (Tuff) reside nos EUA, existe a possibilidade de agendar alguma data por lá após a estreia nos palcos no Brasil em 2018?
Bento: Já estamos preparando os shows. Ensaios a todo vapor. Em breve vamos anunciar as primeiras datas que devem ocorrer no primeiro trimestre de 2018.