Grupo paulistano vem chamando a atenção com versões prog metal de games, desenhos, séries, temas de super-heróis e trilhas de filmes
Após promover seu primeiro trabalho oficial, “Human Effect”, um álbum duplo e conceitual que teve lançamento digital no final de 2013 e a versão física lançada no ano seguinte, através de uma campanha de sucesso no Catarse, o grupo paulistano Vivalma mudou o foco de suas ações. Fascinados por trilhas de games, desenhos, séries e filmes, Marco Petucco (voz), Odilon Gonçalves (guitarra), Gus Martins (teclado), Raphael Filt (baixo) e Felipe Abud (bateria) não tiveram receio em “virar a chave”. Assim, passaram a criar versões prog metal para temas de “Avengers”, “Metal Gear”, “Dragon Ball Z”, “Game of Thrones”, “Star Wars”, “Breaking Bad”, “Uncharted”, “Pegasus Fantasy” e até “Pokémon”. Martins e Odilon Gonçalves falaram ao ROCKARAMA sobre as fases distintas da banda e a conexão do metal com o universo geek.
Vocês surgiram em 2009, predominantemente como um grupo de prog metal. Quando o Vivalma prog passou a ser um grupo que grava versões de games, desenhos, séries, temas de super-heróis e trilhas de filmes?
Gus Martins: No final de 2014, estávamos bem desanimados. Não estávamos satisfeitos com os resultados alcançados. Dá para dizer que a banda estava mais perto de acabar do que de continuar. Foi aí que o Odilon Gonçalves (guitarrista) trouxe a ideia de uma nova roupagem para banda e um novo público para focarmos, inclusive para mostrar para este público o nosso som autoral. Não foi uma virada de chave difícil, já que todos no Vivalma curtem muito esse tipo de conteúdo. Escrevemos um plano com várias frentes de ação, fizemos várias análises de mercado e decidimos virar a chave. No final, unimos a mesma pegada musical de sempre ao nosso gosto pessoal pelas produções da cultura pop.
A banda já fez versões prog metal de “Avengers”, “Metal Gear”, “Dragon Ball Z”, “Game of Thrones”, “Star Wars”, “Breaking Bad”, “Uncharted”, “Pegasus Fantasy” e até “Pokémon”. Qual foi a primeira delas? Quando foram fazer, gravar e lançar em vídeo, vocês tinham certeza do potencial ou havia algum tipo de receio?
Odilon Gonçalves: Oficialmente, o primeiro lançamento foi Avengers. Porém, a verdade é que produzimos Avengers e Metal Gear juntas, na mesma época, e só a data de lançamento que foi diferente. Toda mudança traz algum tipo de receio. Mas esse receio serviu de combustível para pesquisarmos e investigarmos ainda mais sobre o cenário onde estávamos entrando. Em termos musicais, nunca nos preocupamos. Até porque observamos, por exemplo, o número de pessoas com camisetas de bandas de rock/metal nos eventos geeks, que era algo comum de se ver.
Para fazer as versões, vocês utilizam algum tipo de pesquisa de mercado ou gravam só aquilo que realmente são fãs, seguidores e possuem itens colecionáveis?
Gonçalves: As duas coisas. Estamos antenados com os lançamentos da cultura pop, ouvimos os pedidos de nossos fãs, analisamos os temas que estão em alta e cruzamos com nossos desejos pessoais.
A linha musical segue a base de nomes como Pain of Salvation, Rush, Dream Theater e Symphony X, mas como está sendo a aceitação das versões fora dos fãs usuais de prog metal?
Gonçalves: Na época em que lançamos ‘Human Effect’, recebíamos um feedback muito interessante. A galera falava que nossas músicas pareciam trilhas sonoras de filmes e games. Mesmo pessoas que não curtiam heavy metal chegavam para nós e falavam: ‘Cara, consigo embarcar nessa viagem que vocês estão propondo.’ Então isso nos encheu de confiança. Outro ponto é que sempre falávamos entre nós: ‘Caras, vocês prestaram atenção na trilha sonora do novo filme do Batman? Tem muita coisa progressiva ali.’ Então, essa ideia de que a música progressiva sempre esteve presente na cultura pop já era uma coisa que fazíamos há bastante tempo. A aceitação tem sido ótima. Tanto é que já tocamos em eventos do SESC, por exemplo, para um público bem variado, e a galera curtiu sem fazer o link direto de estar assistindo a um show de heavy metal.
O primeiro trabalho oficial da banda é “Human Effect”, um álbum duplo e conceitual, que tem como tema central o personagem Envision, um médium com capacidade de ver cenas das vidas de outras pessoas. De onde surgiu a ideia e como fizeram para encaixar a temática com a concepção e a emoção de cada faixa?
Gonçalves: Nós nunca tivemos pretensão de criar um álbum conceitual. Nem imaginávamos que teríamos experiência para isso. A princípio, tínhamos a história do médium dividida em três partes (músicas) e só. Porém, conforme a composição rolava, percebemos que existia uma sinergia entre as músicas. Em termos de letra, também notamos um tom de reflexão semelhante, dualidade, introspecção. Foi aí que veio a sacada de colocar a história de vida do Envision em paralelo com suas visões. Cada música do disco representa uma visão do protagonista.
O material teve lançamento digital no fim de 2013 e a versão física foi lançada após uma campanha de sucesso no Catarse. Por que optaram financiamento coletivo? Quais os benefícios em relação a um lançamento tradicional?
Martins: Recorremos ao financiamento coletivo pela falta de capital para investir e também como uma ação de engajamento digital do nosso público. Recomendamos muito esse tipo de ação para quem tiver uma mentalidade profissional. Ou seja, criar recompensas de qualidade e um argumento sólido para convencer as pessoas a colaborar. Mesmo com muito tempo dedicado, planilhas de controle e planejamento, ainda assim, tivemos algumas dificuldades para gerenciar entregas de recompensas e a comunicação geral com o volume de pessoas que nos ajudaram. Então vale essa dica: dedique uma atenção muito especial à logística de entrega das recompensas.
A banda, que no início atendia por Rhetorical Mage e depois passou a se chamar Envision, teve uma série de mudanças de formação até chegar à atual. Por que resolveram alterar o nome para Vivalma? Existe algum significado por trás dele?
Gonçalves: Na época de Envision, fazendo uma busca pela internet, encontramos outras bandas pela Europa – e até uma marca de monitores – com esse nome. Brincávamos que parecia nome de shampoo. Nessa época, estávamos compondo o embrião do que viria a ser tornar o ‘Human Effect’ e tínhamos uma música chamada ‘Vivalma’ (bem diferente da versão final que entrou para o disco). Estávamos testando nomes, pesquisando e rascunhando, quando o Marco (vocalista) disse: ‘Vivalma é a música que melhor nos representa musicalmente. É o som que melhor cobre aquilo que gostamos de fazer. Por que não adotar esse nome?’. Todos concordaram e ainda percebemos a sonoridade que esse nome tem em línguas estrangeiras, sem muitas dificuldades na pronúncia.
Vocês pensam na possibilidade de lançar o sucessor de “Human Effect”?
Gonçalves: Mesmo com a produção de releituras e alguns covers, temos a música autoral em nossa essência. É o que tentamos refletir quando montamos um arranjo original em forma de releitura. Temos algumas ações em andamento na tentativa de fazer trilhas oficiais para games, animes, etc. Com certeza, está em nossos planos lançar mais músicas 100% autorais. Para lançamento a médio prazo, já temos alguns rascunhos na manga. Serão sons próprios, mas como uma temática voltada para o público que temos trabalhado. Ainda assim, o que podemos afirmar é que não pensamos em lançar mais álbuns no formato físico. Pelo menos até que tenhamos demanda desse tipo de produto. Continuaremos lançando digitalmente e, por ora, em formato de single.
Acesse: vivalma.com.br
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